São Paulo, sexta-feira, 5 de dezembro de 1997
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Gil encerra turnê de 'Quanta' no Palace

PEDRO ALEXANDRE SANCHES

Gilberto Gil encerra o ciclo. Despede-se neste fim-de-semana, no Palace, da turnê "Quanta", de lançamento de seu disco mais recente, homônimo.
"Quanta" é o tratado de intenções de Gil sobre um debate emblemático de fim de século: as relações entre ciência e arte.
Assim, "Ciência e Arte", dos sambistas cariocas Cartola e Carlos Cachaça, torna-se a espinha dorsal do repertório que ele promete reproduzir no Palace.
Se a volta confirmar o que se pôde ouvir aqui em sua primeira passagem, o que se promete é um Gil apurado, sintonizado com sua banda a ponto de atingir um grau de perfeição técnica talvez antes inalcançado por ele.
"Quanta" foi, em sua estréia paulistana -e a expectativa é que isso se repita agora-, mais um espetáculo bem sincronizado que um show, oferecido por um artista que se torna mais profissional a cada dia.
Os percalços incluem um repertório (extraído do disco) às vezes irregular, que transita da festa rítmica de "Pílula de Alho", "Água Benta", "Fogo Líquido" e dos delírios tecnológicos ("Pela Internet") à introspecção de homenagens ("De Ouro a Marfim", a Tom Jobim, "Sala de Som", a Milton Nascimento, "O Mar e o Lago", a Mário Lago, "Um Abraço no João", a João Gilberto) e ao esoterismo carregado ("Dança de Shiva").
E, para que não se reclame da estranheza de muitas novas canções, há o clássico de Gordurinha "Vendedor de Caranguejo" (que ele regravou em "Quanta", tentando dialogar com Chico Science) e a habitual série de clássicos -da outra vez, ele cantou "Expresso 2222" (72) e "Refavela" (77) -razões mais que consistentes para uma visita ao Palace.

GILBERTO GIL - Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, região sudoeste, tel. 531-4900). 1.720 lugares. Hoje e amanhã: 22h. Dom.: 20h. Até 14/12. Ingr.: R$ 20 a R$ 50. Estac. c/ manob. (R$ 15).

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