São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Futebol, paixão e jornalismo

MARIO VITOR SANTOS

Especialistas esportivos questionam a razão de haver tão pouco interesse pelo Campeonato Brasileiro em São Paulo, refletido no menor comparecimento do público aos estádios paulistas.
Meu palpite é de que isso tem a ver com uma certa frieza da cobertura esportiva nos jornais de São Paulo em comparação com os seus concorrentes cariocas.
Parece haver uma sensibilidade maior para o caráter de espetáculo do futebol, uma relação mais solidária com o leitor no sentido de facilitar sua paixão pelo clube, seu amor pelo astro, seu ódio pelos outros. Há também mais cascata, falsas informações e falsas polêmicas, sensacionalismo.
A imprensa de São Paulo acompanha o espetáculo com frieza distanciada, a emoção contida de quem confere uma nova execução de um quarteto de Brahms.
Esta Folha, com sua tradicional atenção às estatísticas e sua busca por novos enfoques e novos esportes, por sua fuga à rotina constrangedora da vida dos clubes e suas briguinhas, por vezes parece remar contra os interesses e o hábito dos leitores mais apaixonados, ou seja, quase todos os que acompanham futebol.
Talvez a atitude "olímpica" da imprensa paulista, à sua moda, termine por contribuir, ainda que modestamente, para o esfriamento da paixão positiva do torcedor pelo futebol. É só uma tese.

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