São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Empresariado já espera 2º turno em 98

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

A desaceleração econômica em 1998, que, acreditam economistas, será causada pelos efeitos da elevação dos juros e do pacote fiscal na atividade produtiva e na capacidade de consumo, afetará a popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso e levará a eleição presidencial ao segundo turno.
Essa é a opinião predominante entre importantes empresários do país ouvidos pela Folha na sexta-feira. Até agora, eles acreditavam na possibilidade da reeleição de FHC no primeiro turno.
A avaliação empresarial confirma a tese do economista e analista político Ricardo Mendes Ribeiro, da MCM Consultores Associados, que encontrou uma relação direta entre a avaliação do governo FHC e o desempenho da economia (veja quadro nesta página).
Para tanto, Ribeiro comparou a taxa de crescimento da indústria, calculada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com um índice composto pela divisão das porcentagens de ótimo ou bom pelas de ruim ou péssimo obtidas por FHC nas pesquisas nacionais do Datafolha.
Hugo Etchenique, presidente do grupo Brasmotor, estima que a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto, a soma das riquezas do país) ficará em torno de 1% no primeiro semestre. "A desaceleração econômica poderá levar a disputa para o segundo turno."
Horácio Lafer Piva, candidato à presidência da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), arrisca dizer que o crescimento do PIB em 1998 será, no máximo, de 2% e, no primeiro trimestre, de 0%, "um crime" contra o setor produtivo brasileiro.
Para Piva, essa situação pode abrir espaço para candidaturas de "cunho populista", que dividirão o eleitorado de FHC. "Na minha opinião, um segundo turno já é uma possibilidade concreta."
Carlos Eduardo Moreira Ferreira, presidente da Fiesp, diz que, sem dúvida, o país terá uma desaceleração econômica. "O tamanho e a duração desse desaquecimento dependerão da evolução das taxas de juros, hoje indecorosas, e do avanço das reformas."
José Carlos Grubisich, presidente da Rhodia, diz que a popularidade de FHC depende da duração do desaquecimento econômico.
"O presidente tem uma imagem tão positiva e uma credibilidade tão forte que não acho que a turbulência que estamos vivendo possa alterar o quadro político", diz.
Grubisich, otimista, estima que a economia crescerá entre 1,5% e 2% em 98. "A desaceleração não deve mudar substancialmente o cenário de favoritismo do presidente Fernando Henrique porque a inflação em 98 será muito baixa", diz.
Henrique de Campos Meirelles, presidente mundial do BankBoston, calcula que a taxa de crescimento do país no primeiro semestre de 1998 será de 1%, caracterizando uma forte desaceleração.
Meirelles acredita que a popularidade do presidente vai subir durante o ano, com a baixa gradual dos juros e o reaquecimento.
Alfried Ploger, presidente da Abrasca (Associação Brasileira das Companhias Abertas), prevê uma taxa de crescimento em torno de zero no primeiro semestre do ano que vem e dificuldades para FHC.

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