São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997 |
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Homem quer ser o primeiro de lésbica
PAULO SAMPAIO
Parece roteiro de filme americano de circuito independente, e é mesmo ("Procura-se Amy", atualmente em cartaz). Mulheres bissexuais e homens que já viveram algo parecido contam como é. "Se o cara espera que eu só tenha transado com mulheres na vida e que ele vai ser o primeiro homem, sinto muito. Uma mulher que nunca transou com homem não tem a menor noção de nada", diz a artista plástica Bia Assumpção, 26. Ela é bissexual e teve três namorados homens nos últimos seis meses. Agora, está "enrolada" com pessoas de ambos os sexos. Bia afirma que, em geral, todos os seus namorados sabem de antemão que ela é bissexual. "É engraçado, os homens gostam de falar em relações com mais de uma mulher, mas não têm a menor estrutura para viver isso." Ela explica. "Comer a mulher eles comem, mas ninguém quer assumir nada mais profundo." Por que, então, Bia namora homens também? "Gosto muito de homens. Eles é que parecem não querer nada a sério com as mulheres. Se aparecer um que me toque, eu me caso, tenho filhos e vou morar no fim do mundo com ele." (leia depoimento abaixo) Mais radical do que Bia, a estudante de publicidade Fernanda Botter, 20, diz que vai ser difícil que um homem a "toque". "Foi-se o tempo. Já tive namorado, mas desde os 14 anos que só tenho namoradas." Como no filme, os homens até tentam se aproximar dela. "Basta me ver dançando com Eugênia (a namorada) que eles vêm. Se a gente deixa claro que não vai rolar, aí é que eles querem." Muitos homens adorariam ser os primeiros na vida de mulheres que transam com mulheres. Fernanda nem tinha pensado nisso, mas, por ironia, foi o que aconteceu. "Nunca transei com mulher antes. A Fernanda foi a primeira", diz Eugênia. "Deixei o meu namorado para ficar com ela. A princípio, ele achou que poderia rolar a três, mas acabou sobrando." Especialistas reconhecem uma certa necessidade de afirmação dos homens na conquista de mulheres que gostam de mulheres. "Os homens nem precisam ser os únicos, eles se contentam em ser os primeiros. Isso os faz se sentirem desbravadores", diz o psicodramatista Luiz Cuschnir, especialista em trabalhos com homens. "A sensação de exclusividade é muito estimulante", diz o empresário Francisco Macchione, 42, que já passou por isso (leia depoimento abaixo). Texto Anterior: A GAROTA DA HORA Próximo Texto: DEPOIMENTO DELA Índice |
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