São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Questão de preço; Com o pé atrás; Refazendo as contas; Temporada de caça; Sinal verde; Efeito dominó; "Comendo" o ganho; Ajuste gradual; Cenário desalentador; Pressão das circunstâncias; Como um parto; Sala cheia; Morrendo na praia; Primeiro passo; Tiro no pé; Ainda atraente

Questão de preço
"Desde que os 'spreads' voltem (eles recuaram, mas continuam muito altos)", diz Demósthenes Madureira, diretor do Banco Central, o governo poderá lançar um título no exterior já no primeiro trimestre de 1998.

Com o pé atrás
O diretor do BC se diz agradavelmente "surpreso" com o comportamento do fluxo cambial neste mês, mas afirmou que é preciso continuar sendo cauteloso com o cenário internacional. "Aqui, no plano interno, estamos cheios de boas notícias."

Refazendo as contas
Cresce no mercado a aposta que o Brasil pode fechar o ano com mais de US$ 50 bilhões em reservas. Há 15 dias, prevalecia a aposta em US$ 45 bilhões.

Temporada de caça
O BC voltou a ser procurado por bancos de investimento. De molho há dois meses, os bancos voltaram a procurar clientes.

Sinal verde
Para analistas, um dos sinais de que o "El Niño" financeiro estará superado será dado pelo juro dos títulos dos EUA de 30 anos. Quando a crise passar, as taxas devem subir ligeiramente.

Efeito dominó
Os analistas continuam preocupados com a Ásia e, especialmente, com a contínua valorização do dólar em relação ao iene, o que pode gerar nova rodada de ajuste das moedas asiáticas.

"Comendo" o ganho
Quando a poeira assentar, diz Fábio Giambiagi, do BNDES, as moedas asiáticas devem acabar tendo ganho cambial ao redor de 15%. "Elas ainda não sofreram o impacto da inflação, que vai acontecer. Imagino uma trajetória parecida com a do México."

Ajuste gradual
Detalhe: mantida a atual política cambial brasileira, diz Giambiagi, em três anos o real estará desvalorizado em termos efetivos em aproximadamente 15%.

Cenário desalentador
Analistas de bancos estrangeiros acreditam que o desemprego vai se agravar em 98 e também em 99. A parte do setor privado que pode gerar empregos, como a construção civil, não conseguirá absorver a mão-de-obra expulsa pela indústria e comércio. Além disso, o setor público vai passar a demitir.

Pressão das circunstâncias
Segundo Roberto Setubal, presidente do Itaú e da Febraban, para os bancos, a hora é de cautela e de ser seletivo na concessão de crédito. Indagado sobre como o setor vai ganhar dinheiro em 98, Setubal foi curto: "Talvez se tenha que ganhar menos dinheiro".

Como um parto
Para Setubal, no cenário mais positivo e otimista, só em nove meses os juros voltarão ao patamar de antes da crise.

Sala cheia
"O pacote é secundário. O pior são os juros", diz Mário Bernardini, do Ciesp. "Colocaram um bode na sala, que foi dobrar os juros. Depois colocaram um segundo bode, o pacote fiscal. O pessoal reclamou e o governo deu uma lavadinha no segundo bode."

Morrendo na praia
Dizendo que o setor de máquinas tem pedidos em carteira até fevereiro, Bernardini afirmou que é essencial que os juros sejam reduzidos rapidamente. "Caso contrário, a recuperação do setor, que viveu um 95 muito ruim e um 96 de transição, será abortada."

Primeiro passo
Os juros cobrados pelas financeiras não ligadas a montadoras nos empréstimos para veículos caíram o equivalente a 4% ao ano na última semana -de 42% para 38%.

Tiro no pé
Há quem entenda que, na troca da TR pelo IGP-M na indexação da poupança e contratos habitacionais, o tiro pode sair pela culatra. Dará força a ações judiciais contra a TR que correm na Justiça e contra as quais o governo, a duras penas, vinha conseguindo vitórias.

Ainda atraente
Sergio Porto, do SindusCon-SP, acredita que a troca da TR por outro índice de reajuste não retirará a atratividade da caderneta de poupança, que continuará garantida pelo governo e isenta do IR.

E-mail: painelsa@uol.com.br

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