São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997 |
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Jogador por jogador, Edmundo desequilibra
ALBERTO HELENA JR.
Vejamos. Velloso e Carlos Germano equiparam-se tecnicamente, mas o goleiro vascaíno é nome certo na seleção de Zagallo; Velloso, não. Pimentel, mesmo não reproduzindo no Parque Antarctica o futebol que lhe deu fama em São Januário, é realmente melhor do que Maricá, César Prates ou Felipe Alvim, os três que se revezam por aquele setor no time carioca. Na outra lateral, Júnior é bem mais experiente do que o outro Felipe, que, no entanto, foi uma grata revelação deste campeonato. No miolo de zaga, façamos um arranjo: Cléber e Mauro Galvão, um pra cada lado, excluindo-se de comparação dois iguais -Roque Júnior e Odvan. Assim como Galeano e Rogério equiparam-se em técnica e voluntariedade a Nasa e Luisinho, no meio-campo, onde Zinho desponta soberano diante de Ramon, e Alex briga em igualdade de condições com Juninho. Por fim, no ataque, se é possível admitir-se uma equivalência entre Viola e Evair, Edmundo anda desequilibrando de tal maneira que nem há comparação. Resumindo: a briga é boa e de bom tamanho. E a diferença tem um nome: Edmundo. Para o bem ou para o mal. * Quando a TV enquadrou João Havelange na tribuna do Vélodrome, no jogo comemorativo do sorteio da Copa do Mundo, Sílvio Luiz foi na mosca: "Pô! Parece o Duce!" Aquele queixo espetado em direção ao mundo, numa carranca pateticamente ameaçadora, os braços cruzados sobre o peito, era a imagem irretocada de Mussolini num de seus beligerantes palanques do tempo da guerra. O que teria produzido tão evidente contrariedade no presidente da Fifa? A figura real de Pelé, que seus acólitos tentaram apagar naquele instante nobre do futebol mundial, num dos gestos mais mesquinhos que a história já registrou? Ou terá sido a percepção de que o lance decisivo para se reeleger está prestes a virar um cheque ao seu próprio rei, nesse tabuleiro da sucessão da Fifa, à qual Havelange finge virar as costas? Quem vai saber? * Dois gols antológicos e três assistências primorosas. Eis Ronaldinho em ação, na festa de pré-abertura da Copa. Que bom seria se aqueles macróbios todos da International Board estivessem vendo o jogo entre Europa e resto do mundo, onde craques (com três ou quatro exceções, longe de serem os melhores) puderam exibir seu futebol livres da camisa de força da violência. Claro que era um amistoso. Num jogo pra valer, o contato é inevitável e muito mais frequente. Mas não se pode mais aceitar esse festival de agarrões e puxões que se reproduzem ao paroxismo e que ferem de morte a própria essência das leis, sob o beneplácito dos beócios travestidos de juízes. Texto Anterior: Mandela pode ir ao estádio Próximo Texto: Palpite Índice |
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