São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Campeonato-ônibus

JUCA KFOURI

Você conhece a teoria dos partidos-ônibus, aqueles nos quais sempre cabe mais um. Como era o PMDB, como virou o PSDB, como, na verdade, são quase todas as agremiações políticas nacionais.
Pois não é que inventamos agora o campeonato-ônibus?
E não apenas porque couberam mais dois clubes que não estavam classificados, como Fluminense e Bragantino, neste Vergonhão-97.
Nosso brilhante campeonato teve na última quarta-feira a quebra de dois recordes: de forma inesquecível, Edmundo ultrapassou os 28 gols de Reinaldo e venceu as últimas resistências de quem ainda tinha dúvidas sobre sua utilidade na seleção.
O outro recorde quebrado foi de público. Recorde negativo, bem entendido.
No Olímpico, em Porto Alegre, 55 pessoas pagaram para ver Juventude e Lusa.
A marca anterior pertencia ao jogo entre Vasco e Paraná, com 71 pessoas, em São Januário, três anos atrás.
55 torcedores! Como bem lembrou o "JB", cabiam todas num ônibus, 45 sentadas, 10 em pé, e sobraria lugar.
A continuar nessa marcha, quem sabe se no ano que vem não poderemos ter o campeonato-van, um Maracanã aberto para 12 espectadores?
Porque nossos cartolas são tão geniais que conseguiram bolar um torneio repleto de jogos que não valem nada, como os quatro deste entediante fim-de-semana.
E ainda dizem que campeonatos com pontos corridos correm o risco de ficar sem graça antes do fim...
Se não bastasse, conseguiram dividir as atenções que deviam estar totalmente voltadas para a decisão entre Vasco e Palmeiras com a seleção na Arábia Saudita.
Bem que eles podiam pegar um táxi e ir para...bem longe.
*
A seleção chegou à África do Sul como um time colegial que marca encontro ao meio-dia na frente da igreja, aos pedaços, e lembrando os piores tempos da dupla Otávio-Nabi à frente da CBF, quando o técnico Carlos Alberto Silva quase enlouqueceu.
E os europeus deram mais uma lição aos incompetentes de plantão na Casa Bandida.
*
Pelo segundo ano consecutivo, e pelo voto dos sócios da Associação dos Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo, este aborrecido colunista foi o mais votado como destaque da imprensa.
Agradecido, constato: jornalista esportivo não tem mesmo jeito.

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