São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Menem estuda novos indultos e se aproxima dos militares

LÉO GERCHMANN
DE BUENOS AIRES

As declarações do atual prefeito de San Miguel, o ex-militar Aldo Rico, na entrevista concedida à Folha, deixam clara a sua relação com o peronismo, a ponto de ter anunciado a possibilidade de entrar no Partido Justicialista.
Isso talvez justifique certos sinais que vêm sendo dados pelo governo Carlos Menem, o qual cogita a possibilidade de indultar os "cara-pintadas" que estão presos por terem protagonizado uma sublevação militar em janeiro de 89.
Menem e o governador de Buenos Aires, Eduardo Duhalde, têm se aproximado de ex-militares, como os "cara-pintadas" e o grupo de Rico (que promoveu um ato de rebeldia militar na Semana Santa de 87). A oposição os tem como inimigos.
O ministro do Interior, Carlos Corach, perguntado sobre a possibilidade de ocorrerem indultos ainda neste final de ano, foi lacônico. "Não os descarto", disse, ressalvando apenas que a medida ainda não está em estudos.
A Folha apurou que, por enquanto, o que há é uma sondagem junto à opinião pública sobre a repercussão que teria a medida. Por trás disso, existe o interesse do governo em contar com o apoio, mesmo que não-declarado, de um setor que tem algum peso na política nacional para as eleições presidenciais.
Decisão impopular
Há uma dúvida quanto ao que será mais conveniente: contar com esse apoio ou ter uma repercussão popular negativa. A justificativa de Corach é que "a política do governo Menem tem sido reiteradamente a da pacificação".
Menem, em entrevistas recentes à imprensa local, afirmou que, se for importante para a pacificação nacional, ele voltará a indultar. Entre os presos estão o ex-coronel e líder "cara-pintada" Mohamed Alí Seineldín e 21 integrantes do MTP (Movimento Todos pela Pátria), que participaram da tentativa de golpe.
Em 90, o governo Menem já concedeu indulto aos integrantes das juntas militares que governaram o país e haviam promovido a guerra suja nos anos 70.
Integrantes da oposição reagiram negativamente à possibilidade de ocorrerem indultos. "Os argentinos precisam se apegar à lei, e um indulto seria um péssimo exemplo", disse a senadora Graciela Fernández Meijide.
(LG)

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