São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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SALÁRIO POR EMPREGO

Nos últimos dias, ganharam destaque as negociações entre sindicatos de trabalhadores e empresas. Diante do cenário recessivo que parece inevitável nos próximos meses, trata-se de encontrar as bases comuns para trocar salário por emprego. Ou seja, reduzir a jornada de trabalho e os salários por meio de acordos coletivos parece ser, por ora, a fórmula mais indicada para enfrentar a crise sem potencializar seus terríveis impactos sociais.
Apesar da gravidade do momento, não há consenso em torno da proposta. Nem todos os sindicatos estão dispostos a fazer essa concessão. Naturalmente, o ideal seria reduzir a jornada sem cortar salários. Mas parece ingenuidade crer nisso agora.
Ademais, na prática, o consenso ou o apoio das grandes centrais sindicais não parecem imprescindíveis. Em se tratando de conseguir acordos localizados e até mesmo por empresa, o que interessa é avançar o quanto antes em acordos pontuais.
Aliás, o governo, ao menos até agora, faz bem ao se retirar da cena. O ministro do Trabalho, Paulo Paiva, descartou a retomada das câmaras setoriais para discutir como manter o nível de emprego na indústria.
Não se trata de negar a importância desse tipo de instrumento na definição de estratégias de longo prazo, nem de condenar de antemão as tentativas de elaborar políticas de desenvolvimento em diálogo com setores da sociedade.
No atual momento, entretanto, há uma situação de emergência que precisa ser enfrentada rapidamente pelas empresas e pelos trabalhadores, diferentemente do tempo das tentativas fracassadas de "pactos sociais", na década passada.
Mas, infelizmente, empresas e sindicatos estão acordando tarde para os imperativos de flexibilização das relações trabalhistas. O ideal seria negociar uma nova legislação, sem a pressão da crise, compatibilizar a CLT com a Constituição, provavelmente emendando ambas.
Agora, o importante é agir.

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