São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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CORÉIA E 'GOVERNO MUNDIAL'

O anúncio de um pacote financeiro de US$ 57 bilhões para evitar o colapso total da economia coreana é um marco na história das crises financeiras. Menos pelo seu valor em si, mais pelo formidável trabalho de coordenação entre governos de inúmeros países, sob a égide do Fundo Monetário Internacional.
Se nos sonhos dos grandes estadistas há lugar para a idéia de um governo mundial, o episódio é um microavanço nessa direção. Claro que nem de longe se trata de um "governo", mas ao menos houve um esforço para evitar o "desgoverno".
Se antes havia fortes evidências da globalização e da interdependência entre as economias, a isso se somou a simultaneidade de acontecimentos críticos, que se materializa nas telas dos computadores das instituições financeiras e se desdobra nos contágios da especulação cambial e nas Bolsas de todo o mundo.
Inicia-se assim uma nova era de regulamentação, de revalorização da atuação dos governos contra os excessos da especulação financeira. Como decorrência, há uma pressão maior em favor de instituições supranacionais capazes de defender níveis mínimos do que se possa considerar como um "bem comum".
Todo o período do pós-guerra já fora caracterizado pela criação de instituições reguladoras como o próprio FMI, tanto nos países industrializados quanto nas economias em desenvolvimento. A partir dos anos 70 a pujança dos mercados financeiros desafiou e subjugou as regras do jogo. Até meados dos anos 90, viveu-se uma era de "desregulamentação".
As crises financeiras globais dos anos 90, primeiro no México, agora na Coréia do Sul, para ficar nos dois exemplos mais eloquentes, recolocam na ordem do dia a necessidade de constituir não apenas fundos bilionários, emergenciais, mas novas regras para o jogo dos mercados.
Regras flexíveis, mas que possam assegurar maior estabilidade, que é, afinal de contas, uma condição de eficiência dos próprios mercados.

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