São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Administração cega; Aposentadoria militar; Antropofagia; Privatização; Ensino público; De braços dados; Programação conflitante; Título perdido; Homeopatia; Três por quatro

DE BRAÇOS DADOS

Administração cega
"Os mais calorosos cumprimentos e todo o apoio ao diretor do Contru pela coragem de ter enfrentado a 'máfia' municipal que dava sustentação às lojas Daslu e La Perla.
Em artigo publicado na Folha em 2 de março de 1996, intitulado 'Zoneamento corrompido', denunciei as imoralidades e ilegalidades que vinham ocorrendo no bairro de Vila Nova Conceição, em termos de ostensivo desrespeito às leis de zoneamento, deteriorando a qualidade de vida na região. Os únicos que não viam as irregularidades eram o administrador regional e o serviço dito 'de fiscalização'.
O fechamento daquelas lojas deve ser mantido, cumprindo-se a lei, mas, além disso, é indispensável que sejam adotadas medidas drásticas de caráter administrativo e penal para a apuração das responsabilidades e a punição dos corruptos. O Ministério Público tem farto material para as primeiras denúncias."
Dalmo de Abreu Dallari (São Paulo, SP)

Aposentadoria militar
"Projetos no Congresso que rodavam de gaveta em gaveta sem que ninguém avaliasse sua correção e sua aplicabilidade, de repente, surgem tramitando a toque de caixa e são aprovados.
Assim, erraram feio mais uma vez, com relação à 'aposentadoria' dos militares das Forças Armadas. É necessário que alguém informe aos congressistas -e ao ministro Reinhold Stephanes- que do militar das Forças Armadas é cobrada uma contribuição ao longo de sua vida. Mesmo aposentado!
Será que ninguém informou-lhes que o militar das Forças Armadas teve, ao longo de 30 anos de serviços, cerca de 80 mil horas de atividades? Se passar a obrigatoriedade dos 40 anos, serão, no mesmo ritmo, mais de 100 mil horas. Já o servidor público, o civil, nos 40 anos propostos, chegará a 70 mil horas."
Adriano Pires Ribas, capitão da reserva do Exército (Curitiba, PR)

Antropofagia
"A respeito da entrevista que concedi ao jornalista Marcelo Rezende, da qual alguns trechos foram publicados na reportagem 'Polêmica tropical', no caderno Ilustrada de 5/11, gostaria de reparar algumas omissões que acabaram por emprestar a minhas palavras um tom de comodismo e preconceito racial que não possuíam.
Não é verdade que eu tenha dito que atualmente no cenário nacional 'não há aposta para vencer a dependência cultural', mas, sim, que 'não há aposta para vencer a dependência cultural pela via antropofágica'. Também não disse que 'curiosamente, para defender a posição antropofágica, é necessário se identificar com a figura do índio', mas, sim -o que me parece ter um significado bem diferente e, aí, sim, curioso-, que 'para defender a posição antropofágica é necessário se identificar com a figura do índio vista pelo europeu', ou seja, identificar-se com uma figura de índio pertencente ao imaginário europeu, o que faz com que o índio do movimento antropofágico seja muito mais uma visão européia de paraíso do que uma idéia brasileira de civilização."
Octavio Souza (Rio de Janeiro, RJ)

Privatização
"Senadores, agora, a reforma administrativa, um dos pilares da estabilidade econômica, está em vossas mãos. Vede o exemplo do Mato Grosso, que tem 74% da arrecadação comprometida com pessoal.
Acabou de privatizar a Cemat, mas vai gastar boa parte desses recursos com o pagamento do 13º de seus funcionários.
Não seria muito melhor para os mato-grossenses que tais recursos, em vez de gastos, fossem investidos na saúde, por exemplo?"
Thomaz Gregori (São Paulo, SP)

Ensino público
"Gostaria de discordar do que escreveu Eunice Durham, responsável pela elaboração do Plano Nacional da Educação, em seu artigo publicado na Folha em 2/11, mas não posso. Tive a honra de ter professores que amavam e honravam o ofício de ensinar, e não dá para não ficar indignada diante da esculhambação que virou o ensino público neste país.
Num regime democrático, não é o governo que faz o povo, mas é um povo instruído e culto que pode mudar o governo. Quem tem vocação para o ensino sabe disso. Quem tiver consciência que tome nas mãos a luta.
Aos verdadeiros mestres, toda honra e glória (diga-se verba e salário) sejam dadas!"
Eliná Coronado (São Paulo, SP)

"Tenho 74 anos e nunca na minha vida vi tanta falta de caráter. Vi e ouvi um famoso radicado na Bahia chamando um famoso ex-prefeito de São Paulo de ladrão. Hoje, vejo os mesmos homens de braços dados. Vi e li na Folha um ex-governador do Paraná chamando o ex-governador de São Paulo de ladrão; hoje, estão de braços dados. É uma vergonha. Povo brasileiro, vamos acabar com os maus políticos."
Nelson Siqueira (São Paulo, SP)

Programação conflitante
"A Net (cabodinâmica TV a cabo São Paulo S/A) comunicou a seus assinantes uma segunda assinatura de canais a partir de novembro. A nova opção inclui a BBC, com a qual os usuários vinham sendo acostumados, vários canais de filmes e o canal SexyHot.
Protesto contra um pacote que reúne BBC, canais infantis e canal pornográfico. Se a Net quer atender aos interessados em programação pornográfica, que crie uma assinatura especial. Considero irresponsabilidade moral e social reunir canais tão díspares numa única assinatura."
Geraldo José de Paiva (São Paulo, SP)

Título perdido
"O time do Cruzeiro recebeu de volta seu próprio veneno. A atitude antiética de contratar jogadores para uma partida só, o Mundial de Clubes no Japão, desentrosou, desestimulou e enfraqueceu a equipe."
Jurcy Querido Moreira (Guaratinguetá, SP)

Homeopatia
"Gostaríamos de ressaltar que o título 'Homeopatia no tribunal', na pág. 6-15 (Mais!) de 2/11, não corresponde à realidade. Como a própria reportagem expõe, um pesquisador francês leva ao tribunal, como réus, três outros pesquisadores. Não é a homeopatia que está em juízo."
Lech M. Szymanski e Luiz A.S. Freitas, diretores da APH -Associação Paulista de Homeopatia (São Paulo, SP)

Três por quatro
"Está provado que as operações da Dersa 5x2 e 4x3 no sistema Anchieta-Imigrantes não atendem à demanda e aos interesses de todos. Enquanto não houver a segunda pista do trecho de serra da rodovia dos Imigrantes, o melhor que a Dersa tem a fazer é instituir o regime 3x4, só que permanente (tudo aquilo que é temporário é confuso). A Anchieta teria utilização original de projeto e a serra da Imigrantes passaria a ter mão dupla, com separação física (blocos de plástico), sendo duas faixas para subir e uma para descer."
Robert Sharp (São Paulo, SP)

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