São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Porre pode ser genético

ADRIANA VIEIRA

Estudo sugere que a sensibilidade à bebida está ligada à enzima cerebral
Os cientistas tentam entender por que, na festa de Natal, você fica "trilili" depois de duas taças de champanhe, enquanto seu primo não perde a linha após tomar o dobro.
A resposta pode estar mais uma vez nas pesquisas genéticas. Estudos recentes em animais mostram que genes podem determinar a sensibilidade à bebida.
A revista inglesa "New Scientist" publicou no mês passado a descoberta de uma enzima cerebral chamada fyn kinase, que modifica os receptores neurológicos do álcool.
Cientistas do Instituto Riken de Ciência Cerebral em Wako, no Japão, injetaram álcool em dois grupos de camundongos, um com o gene para fyn kinase e outro sem.
Os camundongos normais ficaram sob efeito do álcool por um período que variou entre 3 e 40 minutos, dependendo da quantidade injetada. Os camundongos que não tinham o gene que determina a produção da fyn kinase demoraram o dobro do tempo para voltarem ao normal.
Os estudos para entender os efeitos do álcool no cérebro podem acabar revertendo em avanços nos tratamentos de pessoas dependentes do álcool.
"Poderão, por exemplo, ser desenvolvidas drogas que interfiram na tolerância à bebida", afirma o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal de São Paulo e um dos autores do livro "Mitos & Verdades: O Alcoolismo".
O psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, do Grupo de Estudos de Álcool e Drogas do Hospital das Clínicas, afirma que a descoberta é interessante, mas ousada. "Ainda é muito complicado transpor esses experimentos com animais para o homem", diz.
Por enquanto, o que os médicos já sabem é que peso, altura, sexo e tipo de bebida influenciam a sensibilidade ao álcool (veja quadro).

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