São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Consumidor negro ganha feira exclusiva

DA REPORTAGEM LOCAL; FREE-LANCE PARA A FOLHA

e free-lance para a Folha
O consumidor negro está ganhando espaço e chamando a atenção de muitas empresas.
Prova disso é a Etnic 97, a primeira feira de grande porte no país direcionada a esse público.
O evento começa dia 13, em São Paulo, com 150 estandes e a previsão de receber 30 mil visitantes.
Segundo os organizadores, a feira deverá movimentar US$ 30 milhões em negócios.
Os expositores mostrarão tecidos, roupas, acessórios afros e, principalmente, produtos de beleza e cosmética (leia texto abaixo).
"Esse tipo de evento já acontece nos Estados Unidos há 50 anos. No Brasil, essa tendência está começando", afirma Carlos Saguie, 51, diretor comercial da Intercontactus, organizadora da Etnic 97.
Se depender do tamanho do mercado, essa segmentação de produtos deve ganhar mais força.
A população de negros no Brasil passa de 7,5 milhões, segundo o censo de 96 do IBGE, sem contar os pardos, que somam 61 milhões.
Detalhe: a maior parte reclama da falta de produtos específicos, segundo uma pesquisa feita neste ano pela agência Grottera.
Para ter uma idéia, 36% dos entrevistados se queixam da falta de sabonetes adequados ao seu tipo de pele (veja tabela abaixo).
Segundo a pesquisa, a população negra representa uma renda anual de R$ 46 bilhões.
"As empresas estão descobrindo esse potencial", diz Aroldo Macedo, diretor da revista "Raça Brasil", voltada ao público negro.
Lançada há um ano, a primeira edição tinha 15 páginas de anúncios. A última contou com 42.
O crescimento desse mercado deu impulso à agência de modelos negros New Company Black Models, que atuará na Etnic 97.
A empresa elevou seu faturamento de R$ 2,5 mil, há quatro anos, para os atuais R$ 15 mil.
"Os anunciantes não costumavam associar seus produtos aos negros. Hoje a história é diferente", diz Jurgen Kuhnbach, 54, proprietário da agência.
A pesquisa da Grottera pode confirmar essa análise: 71% dizem que a presença de um negro em uma propaganda estimula a compra do produto anunciado.
O crescimento do setor de produtos afros incentivou a empresária Ana Maria de Araújo, 39, a montar um estande na feira.
A empresa dela, a Black Hair, importa perucas e apliques para cabelo. "A procura está crescendo bastante, mas a concorrência também", diz Ana Maria, que vende cerca de 50 perucas por mês e fatura, em média, R$ 25 mil.

Onde encontrar - Etnic 97, de 13 a 15, no Palácio das Convenções do Anhembi, em São Paulo. Informações: (011) 255-6444; Black Hair: (011) 548-6204; New Company Black Models: (011) 65-0165.

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