São Paulo, domingo, 7 de dezembro de 1997
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Escassez dá sobrevida ao mercado paralelo

DA REPORTAGEM LOCAL

As empresas do chamado mercado paralelo de linhas telefônicas esperam uma sobrevida de pelo menos mais dois anos, apesar de a intenção do governo ser enterrar de vez suas atividades.
A justificativa dada pelos empresários do setor é uma só: mesmo com a privatização e a necessária injeção de mais recursos em telefonia, não haverá linhas para todos os interessados tão cedo.
"O problema não é somente investir na expansão da rede, mas na própria estrutura de telefonia. Isso requer dinheiro e tempo", diz Laércio Soares, 33, presidente do Sincotel (sindicato paulista das corretoras de telefones).
Segundo ele, os cerca de 1.300 vendedores autônomos e empresas do setor no Estado terão mais alguns anos de bons negócios.
Mesmo assim, a redução de preço anunciada pelo governo animou muita gente a enfrentar a demora. Só que também fez muitos assinantes recorrerem ao paralelo para se desvencilhar das linhas.
"O adiamento do consumo e o aumento da oferta derrubaram os preços", diz Roberto Marques, 36, diretor do Balcão do Telefone, que tem 13 lojas na Grande São Paulo e faz cerca de 110 vendas por dia.
Segundo levantamento do Datafolha, o preço médio de venda da linha telefônica na cidade de São Paulo caiu 15,77% desde maio.
Apesar da queda, o valor de uma linha em certos bairros da cidade passa da casa dos R$ 3.200 -40 vezes o preço oficial.
Segundo Marques, a empresa não repetirá a marca das 51 mil linhas telefônicas vendidas em 96.
"Os negócios recuaram 60% em relação a setembro do ano passado", diz Edmon Rubies, 64, diretor da Bolsa de Telefones, que vende cerca de 600 linhas por mês hoje.
Para Márcio Wohlers, da Unicamp, a redução anunciada será um golpe mortal no mercado paralelo, mas só quando não houver mais demanda reprimida. "Por enquanto, anunciaram algo que ainda não é real."
Rubies afirma que a maioria das empresas não fechará as portas. "Estamos diversificando a atuação." Muitas já trabalham com a venda de aparelhos celulares, "pagers" e também com serviços de manutenção. Segundo o Sincotel, 80% das empresas já atuam com outros produtos.

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