São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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Escola incentiva tapirapés a reivindicar território perdido

Alunos mandam carta ao presidente requisitando antiga aldeia

DA AGÊNCIA FOLHA

A aldeia indígena Tapirapé, na Amazônia Legal do Mato Grosso e a 1.200 km de Cuiabá, encontrou na escola um instrumento de reivindicação para a retomada do antigo território do povo, a aldeia vizinha Urubu Branco.
Os cerca de 130 alunos da escola da aldeia escreveram cartas ao presidente Fernando Henrique Cardoso e a ministros pedindo a demarcação da área.
"A comunidade fica satisfeita com a escola, porque ela despertou (os índios) para a retomada da terra", disse o diretor Kaoewygi Reginaldo, 24, que ganha R$ 480 mensais da Secretaria da Educação do Mato Grosso.
Fazendas de gado e pequenas propriedades tomam conta hoje de parte da terra indígena Urubu Branco, em Confresa (MT), de 168 mil hectares.
Expulsos da Urubu Branco pelo avanço das fazendas e pelos ataques dos caiapós, os tapirapés foram confinados na década de 60 à aldeia de mesmo nome junto com outra etnia, a dos carajás, em Santa Terezinha.
Em dezembro de 93, os tapirapés começaram a retomada da Urubu Branco. Os alunos têm aulas do pré-primário à 8ª série, quando passam a frequentar escolas tradicionais, nas cidades.
Desde as primeiras turmas, eles são estimulados a escrever na língua tapirapé. As sílabas foram inventadas por missionários, já que os índios eram ágrafos (não tinham língua escrita).
O professor da língua Josimar Xawapareiymi, 26, criou uma música para ajudar os alunos a decorar as 65 sílabas que, combinadas, formam o alfabeto tapirapé. Depois de aprender a escrever em sua língua, os índios têm acesso ao português.

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