São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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PM é acusado de balear preso

DA REPORTAGEM LOCAL

Os presos da Cadeia Pública 3 disseram ontem que o tiro que atingiu a cabeça do detento Francisco Adriano dos Santos Junior foi disparado por um PM.
Segundo o juiz-corregedor da Polícia Judiciária Francisco Galvão Bruno, Santos Junior perdeu 40% da massa encefálica. Ele permanecia internado até ontem à tarde no Hospital do Campo Limpo e estaria com morte cerebral.
O juiz afirmou que irá determinar a abertura de dois inquéritos sobre a rebelião. O primeiro servirá para apurar o caso de Santos Junior, que estava condenado por tráfico de entorpecentes.
O outro inquérito apurará os demais fatos ocorridos na rebelião. "As duas investigações deverão ficar a cargo da delegacia de polícia da região", afirmou Bruno.
A comissão de presos que negociou o fim da rebelião afirmou que o disparo foi feito pela PM. "Houve erro dos dois lados", disse o juiz aos presos durante a negociação.
Represália
O tiro que acertou o preso Santos Junior quase provocou a morte dos carcereiros que eram mantidos reféns.
"Quando balearam o preso, um grupo de detentos quis, em represália, nos matar, mas o pessoal da ala A (a cadeia tem quatro alas) nos salvou", afirmou Wilson Costa, um dos reféns.
Costa disse que tinha a impressão de que iria morrer a qualquer hora na cadeia. "Não dormi. Vou para casa descansar alguns dias e, depois, voltarei ao trabalho."
Outro refém libertado ontem pelos presos, o carcereiro Enemias Pereira Assis, disse que os presos só se rebelaram porque não conseguiram escapar. "Eles (os presos) falavam para eu ficar tranquilo."
Feridos
Embora a polícia tenha dito que os cinco presos feridos levemente se machucaram em brigas internas, pelo menos um deles tinha ferimento nas costas semelhante ao feito por chumbo de espingarda calibre 12 usada pelos policiais.

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