São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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80% dos alunos 'acelerados' avançam de série no 1º grau

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Com 100% dos alunos aprovados e 80% deles tendo "pulado" uma ou mais séries, o Programa Acelera Brasil, do Instituto Ayrton Senna e da Petrobrás, será ampliado em 98 de 3.500 para 25 mil estudantes -só ficando atrás do Estado de São Paulo na abrangência em projetos desse tipo (leia texto).
A aceleração dos estudos é hoje a principal estratégia no país para reverter duas das principais deficiências do ensino brasileiro: a defasagem idade/série e a consequente desmotivação dos alunos.
No Brasil, apenas 45 em cada 1.000 alunos, ou seja, 4,5% dos ingressantes, concluem as oito séries do ensino fundamental (1º grau) em oito anos; 400 deles repetem de ano já na 1ª série. Os 300 alunos (30% dos ingressantes) que se formam no 1º grau levam em média 11,2 anos para conseguir isso.
Resultados: primeiro, um inchaço de determinadas séries, especialmente as iniciais. Calcula-se um prejuízo de R$ 2,5 bi por ano. Segundo, a mistura de alunos de diversas idades em uma mesma classe. Terceiro, e mais grave, a incorporação, pelo aluno, da idéia de que ele é incompetente.
As classes de aceleração reúnem em grupos pequenos alunos que repetiram de ano duas ou mais vezes. Com materiais e professores especiais, consegue-se fazer com que eles "acelerem", alcançando séries mais à frente.
O Programa Acelera Brasil, iniciado este ano em 15 municípios de oito Estados, conseguiu que 80% dos 3.500 inscritos "pulassem" séries. Metade saltou da 1ª ou 2ª série para a 5ª. Além da economia, os alunos voltam a acreditar em sua capacidade de estudo.
"O que me parece claro é que não precisamos aceitar o inaceitável e continuar a conviver com o quadro educacional que aí está", diz Viviane Senna. "Como os resultados apontam, existem soluções e elas são absolutamente aplicáveis e eficazes."
A ampliação em 98 para 24 municípios em 14 Estados terá o apoio do FNDE (o "caixa" do Ministério da Educação).

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