São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
CUT tenta ligar desemprego a juros SÉRGIO LÍRIO SÉRGIO LÍRIO; CLAUDIA VARELLA
CLAUDIA VARELLA Dirigentes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) estão defendendo a realização de uma série de atos públicos para pressionar o governo a participar das negociações com a Volkswagen e com outros setores que ameaçam demitir. O assunto ainda será discutido em reunião da diretoria da CUT, mas a idéia de fazer manifestações durante toda a próxima semana ganha força na central. Os atos seriam concentrados, a cada dia, em um segmento da economia, como comércio, bancos e indústrias. O principal objetivo é tentar ampliar a discussão sobre demissões e mostrar para a sociedade que o problema, segundo avalia a CUT, está no aumento dos juros. Alguns sindicalistas temem que, caso as discussões fiquem restritas à Volks e à região industrial do ABC paulista, o governo terá outros argumentos, além da elevação das taxas, para explicar as demissões. Na semana passada, por exemplo, o ministro do Trabalho, Paulo Paiva, afirmou que o problema da Volks, que estuda demitir 10 mil trabalhadores, se deve também ao atraso tecnológico e à baixa produtividade da fábrica de São Bernardo do Campo, onde trabalham cerca de 22 mil funcionários da montadora e sob quem pesam as ameaças de dispensas. Com as manifestações, a central quer evitar também que os metalúrgicos do ABC fiquem isolados na queda-de-braço com a Volks, que os colocou na difícil posição de optar entre demissões ou redução nos salários, decisão amarga para um sindicato. "Não podemos deixar que o problema pareça restrito a uma empresa ou a um setor industrial. Temos que mostrar para a sociedade que, se o governo não mexer nos juros, o desemprego vai se espalhar por outros setores da economia", afirmou o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ricardo Berzoini. Pelo menos um ato já está marcado. Na quinta-feira, a central realiza manifestação no ABC contra as ameaças de demissão na Volks e no setor de autopeças. Câmaras Além das manifestações, a central vai insistir em uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso ainda nesta semana. O encontro foi solicitado por sindicalistas do ABC na última sexta-feira, mas nenhuma resposta saiu do Palácio do Planalto. A intenção da CUT é pedir ao presidente a volta das câmaras setoriais, uma espécie de conselho reunindo governo, empresas e trabalhadores para discutir soluções conjuntas para a crise. As câmaras setoriais foram implantadas no governo Collor e extintas no início do atual governo. Segundo a CUT, a câmara do setor automotivo evitou mais de 13 mil demissões em 91, quando o país atravessou uma fase de recessão. Segundo o presidente nacional da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, o secretário de Emprego do Estado de São Paulo, Walter Barelli, está intermediando a reunião com FHC. Participariam, além de Fernando Henrique Cardoso, Covas e Luiz Marinho, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. A Folha não conseguiu localizar o secretário Barelli para confirmar a informação. "Esperamos que o governo tenha responsabilidade e bom senso e abra negociações com os trabalhadores. Queremos uma negociação entre o governo, a cadeia produtiva e os trabalhadores para buscar saídas", disse Marinho. Amanhã, o sindicato terá mais uma rodada de reuniões com a Volkswagen. A montadora apresentou, na semana passada, uma proposta de redução de 20% na jornada de trabalho e nos salários de seus funcionários. Caso a proposta não seja aceita, a empresa ameaça demitir 10 mil metalúrgicos. Texto Anterior: As prioridades científicas Próximo Texto: CUT tenta ligar desemprego a juros Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |