São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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Profissões 'velhas' são as que mais empregam

JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os estudantes mudaram, mas o mercado de trabalho continua careta. Carreiras como publicidade e turismo vêm liderando o ranking das mais disputadas na Fuvest nos últimos anos, mas se formar nesses cursos está longe de significar emprego garantido.
Na hora de enfrentar o recrutamento das empresas, ter eliminado 66 outros candidatos no vestibular é um passaporte muito menos poderoso do que, por exemplo, um diploma do curso de engenharia de produção da USP, no qual a relação candidato/vaga é 4 vezes menor.
Há vários motivos para isso. Elas vão do grau de excelência do curso e dos candidatos à capacidade de seus egressos se adaptarem a ocupações diversas. Às vezes, elas estão mais ligadas à administração do que à própria engenharia.
A principal razão, entretanto, é a quantidade de postos oferecidos.
Pesquisa feita pela Folha sobre as profissões que tiveram mais vagas abertas nos últimos dois anos e meio revela que médicos e engenheiros continuam com mais chances de ter a carteira de trabalho assinada (leia quadros abaixo).
No universo de jovens de 18 a 29 anos com curso superior, que foram admitidos ou demitidos no Estado de São Paulo entre janeiro de 95 e junho passado, os engenheiros têm um saldo amplamente positivo: 2.936 vagas foram criadas só em sua área de especialidade.
Mas, segundo "head hunters" (caçadores de profissionais talentosos) ouvidos pela Folha, grandes empresas gostam do perfil dos engenheiros, e eles acabam disputando vagas em outras áreas, como o mercado financeiro, o que amplia as chances de emprego.
Os médicos, por sua vez, quase que exclusivamente fazem aquilo que foram formados para fazer, mas também podem trabalhar como autônomos, o que exclui boa parte deles da pesquisa -que se limita a empregados registrados.
Pelos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, foram abertos 1.598 empregos para médicos. No mesmo período, só a USP formou 790 profissionais.
Além das carreiras clássicas, o mercado mostra uma grande abertura para uma profissão que, embora tradicional, está em baixa no imaginário popular e no ranking do vestibular: a de professor.
Consideradas apenas as 50 carreiras que mais contrataram nos 30 meses do levantamento, foram abertas nada menos do que 7.051 vagas para professores no Estado, da pré-escola ao nível superior.
Em alguns casos os salários médios estão entre os mais altos do mercado, especialmente quando é para lecionar em faculdades.
Nenhum professor de ciências humanas vai ficar rico com os R$ 1.815,00 pagos em média para os recém-contratados, mas é um salário 80% maior do que os R$ 1.055,00 oferecidos para um repórter iniciante.
No entanto, há 45,6 candidatos para cada vaga do curso de jornalismo da USP, enquanto no curso de ciências sociais essa relação não passa de 6,6 para 1. Em letras, é ainda mais baixa: 5,3/1. Nem sempre o mercado paga o preço de um vestibular disputado.

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