São Paulo, segunda-feira, 8 de dezembro de 1997
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FHC e o desemprego

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Até as paredes sabem que a falta de emprego é mais aguda nas regiões metropolitanas do país. FHC vive dizendo isso.
É, portanto, inexplicável que a ação desenhada pelo governo federal para tratar do desemprego seja falha exatamente nas regiões urbanas.
O Ministério do Trabalho fez o Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda) para tentar eliminar um dos fantasmas que perseguem o sonho reeleitoral de FHC.
O Proger é simples. Existe para dar financiamento a pequenos e microempresários. Gente que não consegue dinheiro para tocar seus negócios. E que pode gerar emprego.
Pois bem, até setembro passado o Proger conseguiu atingir 33.312 negócios urbanos. E 217.580 estabelecimentos rurais.
Quem dá esses empréstimos são os bancos oficiais. No caso das operações urbanas, o Banco do Brasil é o principal operador -ou sabotador. O mesmo banco que financia com prazer tropas de desocupados para torcer pelas equipes de vôlei nacionais em torneios no exterior.
Não é por falta de gente querendo empréstimo que o Banco do Brasil está empacando o Proger. Sindicalistas da Força Sindical cadastraram cerca de 10 mil candidatos ao programa do governo. Só que as coisas não andam.
De maio para cá, foram entregues ao BB 320 projetos. Só 36 passaram pelo crivo dos burocratas do banco. Desses 36, só 22 receberam o dinheiro.
Esse é um tipo de deficiência crônica do governo FHC. Tem idéias. Mas não consegue colocá-las em operação.
Fala um aliado do governo, o presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros: 'O governo é lento. O Congresso é covarde. Isso gera uma situação-limite. A gente fica sem alternativa e tem de se virar sozinho".
No caso, virar-se sozinho significa aceitar um acordo com as indústrias para reduzir o salário dos metalúrgicos. É certo que os operários terão de aceitar um corte de 10% a 12% nos seus contracheques.
Enquanto isso, o Banco do Brasil continuará a financiar o vôlei, dando uma banana para o Proger.

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