São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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PM aprenderá a decidir se deve atirar

ANDRÉ LOZANO
DA REPORTAGEM LOCAL

O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Carlos Alberto de Camargo, anunciou ontem -dia em que a corporação e a Anistia Internacional comemoraram juntas a Declaração Universal dos Direitos Humanos- que, a partir de agora, poderá ser parabenizado o PM que deixar o exercício de tiro sem ter dado um disparo.
"Não queremos privilegiar o ato mecânico de atirar, mas o exercício intelectual de se pensar no momento de atirar. O policial tem de ter o domínio do ato extremo, que é o uso da arma", disse Camargo.
Agora, nos estandes de tiro da PM, o policial vai se deparar com situações em que deverá decidir se deve atirar e onde. "Por exemplo, se ele encontrar pela frente a representação de uma pessoa com uma faca, pode atirar na periferia do corpo, não na cabeça. Se a pessoa estiver desarmada, não há essa necessidade."
Essa nova instrução faz parte do programa de requalificação do PM, previsto para 1998. O comando também vai investir na "polícia de proteção à dignidade humana" e no policiamento comunitário.
A estruturação da polícia atenta aos direitos civis contará com a parceria da Anistia Internacional, que, ainda este mês, por meio de aulas, formará 155 oficiais com noções de direitos humanos.
"Esses policiais funcionarão como agentes multiplicadores da nova mentalidade", disse o presidente da seção brasileira da Anistia Internacional, Ricardo Balestreri.
Ontem, pela primeira vez, a Anistia comemorou a Declaração Universal dos Direitos Humanos do Quartel-General da PM, na Luz (centro). A declaração completa hoje 49 anos.
"Festejar a declaração aqui (no quartel da PM) é comemorar no contexto da sociedade, uma vez que a polícia é a sociedade", disse Balestreri. Ontem, a Anistia Internacional iniciou uma campanha mundial de defesa dos direitos humanos, que será encerrada em 10 de dezembro de 98, quando o documento completa 50 anos.

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