São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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Proger fracassa nas regiões urbanas

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo do presidente Fernando Henrique Cardoso tenta há três anos criar empregos nas regiões urbanas, mas os programas oficiais fracassam nas cidades e só dão certo nas áreas rurais.
O Proger (Programa de Geração de Emprego e Renda), que começou a funcionar em janeiro de 1995, gerou 483.823 operações de crédito em regiões rurais e só 93.278 em áreas urbanas.
Neste ano, a situação continua igualmente ruim quando se compara o desempenho do Proger no campo e nas áreas urbanas. Foram concedidos 217.580 empréstimos rurais e só 33.312 nas regiões metropolitanas do país, onde o desemprego é mais agudo, segundo dados do próprio governo.
O Proger é um dos 42 projetos eleitos como prioritários por FHC. Está incluído no Brasil em Ação, nome dado pelo governo ao plano de obras que terão preferência na administração federal.
O objetivo básico do Proger é oferecer financiamentos de baixo valor para pequenas e microempresas, cooperativas e formas associativas de produção.
O valor médio desses empréstimos tem variado de R$ 3.000 a R$ 17.000. O dinheiro é repassado aos empreendedores por quatro agentes financeiros estatais: Banco do Nordeste, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e BNDES.
Sudeste fica com 15%
A região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo), onde estão as principais concentrações industriais do país, ficou com 15,03% de todo o dinheiro emprestado pelo Proger desde janeiro de 95.
A região Sul teve o maior percentual dos empréstimos (52,97%), seguida pela Nordeste (25,06%) e Centro-Oeste (5,51%). A região Norte teve a menor parcela de todas, apenas 1,43%.
Para o secretário de Política e Emprego do Ministério do Trabalho, Daniel Oliveira, o Proger está dando certo. Precisaria apenas de alguns ajustes.
"Foi investido o que estava previsto investir. Agora estamos procurando meios de fomentar mais o Proger nas áreas urbanas", diz ele.
Segundo Edson Monteiro, superintendente-executivo da Área Comercial do BB, isso se deve a uma dificuldade maior de encontrar os tomadores de empréstimo do Proger nas áreas urbanas.
O BB, de acordo com Edson Monteiro, tem mais facilidade para atuar junto aos pequenos produtores agrícolas. Apesar disso, o banco pretende equilibrar mais sua atuação.
Agora, três anos depois do início do Proger, o BB está preparando uma cartilha sobre o que o programa oferece. Em linguagem simples, a brochura será distribuída nas áreas urbanas como forma de fazer uma divulgação mais adequada do programa.
Um problema que o BB tem enfrentado, segundo Edson Monteiro, é que as pessoas que procuram o empréstimo do Proger não conseguem cumprir todas as exigências. (FERNANDO RODRIGUES)

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