São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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'Malignos' unem torcidas na decisão

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois símbolos "do mal" estão abraçados para comprovar que as torcidas de Palmeiras e Vasco, rivais na final do Brasileiro, estão unidas, apesar da disputa.
O monstro "Eddie", mascote da banda de rock inglesa Iron Maiden e símbolo da Força Jovem, maior organizada do Vasco, e o "Mancha Verde", clone esverdeado do fora-da-lei das história de Walt Disney e signo da torcida palmeirense homônima, aparecem juntos no material dos grupos.
Extinta por decisão judicial, a Mancha Verde mantém suas atividades e associados graças à criação de um bloco carnavalesco de mesmo nome (leia texto abaixo).
Na camisa da bateria do bloco, estão lá, abraçados, Eddie e Mancha. Na bandeira da Força Jovem Sampa, espécie de filial paulista da organizada vascaína, os dois voltam a estar lado a lado, novamente entrelaçados.
"A gente estava torcendo para que a final fosse essa. Existe uma irmandade entre as nossas torcidas, é até um lance automático -quem é palmeirense em São Paulo vira vascaíno no Rio", afirma Paulo Serdan, presidente do Mancha Verde, o bloco.
A amizade é atestada pelo presidente da Força Jovem Sampa, Rodrigo de Souza, o "Carioca".
"O Vasco é o meu time de coração, mas também sofro quando o Palmeiras perde", diz ele, que prevê uma "tristeza menor" em caso de uma derrota vascaína na final.
"Na hora vou chorar um pouquinho, mas depois é tudo festa."
O palmeirense Márcio Gersino Silva, o "Cebola", é o maior exemplo da harmonia entre os grupos.
Embora esteja sendo preparado para substituir Serdan "quando a Mancha voltar", "Cebola" é diretor da Força Jovem Sampa.
Vai sempre ao Rio assistir aos jogos do Vasco -às vezes até preterindo jogos do seu time para isso.
"Na semana passada, deixei de ir para Palmeiras x Santos (no Morumbi) para ver o Vasco x Flamengo (no Maracanã). Aqui (pela proibição às organizadas em São Paulo) não pode levar bandeira, não dá para fazer festa direito."
Segundo os palmeirenses, a união entre os grupos -que inclui apoio logístico quando o adversário vai jogar na cidade vizinha e muitas amizades extra-estádio- tomou corpo na década de 80.
Na final do Brasileiro-89, quando o Vasco venceu o São Paulo, cerca de 2.000 palmeirenses foram ao Morumbi apoiar os cariocas.

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