São Paulo, quarta-feira, 10 de dezembro de 1997
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Monet; Explicação; Xuxa e a imprensa; Legalização do aborto; Corte na saúde; "Free shop"; Senadinho

Monet
"O Consulado Geral da França expressa estranheza quanto à publicação na imprensa de uma 'polêmica' a respeito da organização da exposição 'Monet', no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.
Infelizmente e apesar do esforço considerável dos patrocinadores brasileiros, nem todas as despesas foram cobertas. O que haveria de estranho em se utilizar uma parte da arrecadação proveniente das entradas vendidas para a exposição 'Monet', a fim de cobrir custos necessários para sua realização, se o próprio protocolo do acordo assinado pela direção do MNBA previa na cláusula oitava essa possibilidade?
O consulado sempre se conduziu de maneira que a organização da exposição e as despesas a ela referentes fossem feitas de maneira consensual entre o serviço cultural deste consulado, a Associação dos Amigos do Museu Nacional de Belas Artes e a administração.
Por essa razão, causa-nos estranheza que, passados sete meses após essa exposição, interesses não identificados venham denegrir o que foi um dos maiores sucessos de público de todos os tempos em realizações desse tipo."
Denis Delbourg, cônsul geral da França (Rio de Janeiro, RJ).

Resposta do jornalista Sergio Torres - As despesas da exposição não ocorreram de maneira consensual entre o Consulado da França no Rio, a Associação dos Amigos do Museu Nacional e a direção do museu. Dos R$ 845 mil arrecadados na bilheteria da mostra, só R$ 280 mil foram gastos com o consentimento da diretora do museu, Heloísa Lustosa. O procedimento de funcionários do consulado francês está sendo investigado em auditoria que o Ministério da Cultura realiza nas contas do Projeto Monet.

Explicação
"O jornalista Gilberto Dimenstein revela, em sua coluna 'América', de 7/12, desconhecimento sobre a Prefeitura de São Paulo. A dívida deixada por Paulo Maluf para Celso Pitta é inferior ao Orçamento de 98 e tem perfil de até 20 anos para pagamento. Além disso, essa dívida inclui parcelas deixadas pelos ex-prefeitos Mário Covas, Jânio Quadros e Luiza Erundina. A queda da arrecadação e a alta dos juros trouxeram dificuldades momentâneas, mas a cidade está longe de estar 'falida' ou quebrada. Os programas sociais, como o Leve Leite, nas escolas, e o PAS -que dobrou o número de atendimentos em 97 por causa da falência, aí, sim, da saúde pública nos demais níveis de governo-, não foram afetados. Funcionários recebem salários em dia, incluindo o 13º salário. Somente obras e alguns poucos setores tiveram seu cronograma reduzido e estão com alguns pagamentos atrasados. No mais, com a queda da arrecadação, foi feito o que um administrador competente faria: encaminhar os recursos existentes para setores mais necessitados sem aumentar nenhum dos impostos municipais, o que seria o caminho 'fácil' para arrecadar mais. Aliás, é só folhear a Folha para ver que não há empresa que não enfrente grandes dificuldades nos dias de hoje. O que se reflete, é óbvio, na Prefeitura de São Paulo. Não por culpa de Paulo Maluf ou Celso Pitta, mas porque os fatos que estão aí, à vista de todos, estão também na enorme queda da arrecadação municipal."
Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Paulo Maluf (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Gilberto Dimenstein - Para detectar a falência da cidade, nem é preciso olhar para os papéis do orçamento. Basta andar dez minutos nas ruas e ver o lixo amontoado ou percorrer as praças públicas. O próprio prefeito, Celso Pitta, e seu antecessor, Paulo Maluf, já reconheceram o critério eleitoral usado em obras de São Paulo e pelo qual estamos pagando agora com a paralisação da prefeitura.

Xuxa e a imprensa
"A Folha com a manchete 'Xuxa anuncia na TV que está
grávida', na primeira página de 8/12, vem comprovar a falta de bom senso e inteligência crítica da imprensa brasileira, que prefere o apelo popularesco e acéfalo de estrelas como Michael Jackson, Xuxa, Carla Perez, Gugu Liberato, entre outros, a tratar de assuntos importantes. Estamos vivendo um período de transição, com enormes problemas sociais, políticos e econômicos. Essa atitude é revoltante e vergonhosa!"
Fernando Riederer (Florianópolis, SC)

Legalização do aborto
"Tramita no Congresso projeto de lei admitindo que estabelecimentos médicos do Estado executem o aborto quando a vida da gestante correr risco ou quando a gravidez for causada por estupro.
Entre a concepção e o nascimento, o embrião tem um desenvolvimento complexo, a ponto de sustentarem certos biólogos que, no início, há uma vida rudimentar, e teólogos afirmarem que a alma é infundida no ovo fecundado depois de três meses de gestação, quando a matéria está adequada à forma, de acordo com a teoria aristotélica do 'hylémorphisme'.
Um projeto de lei poderia ter esse objetivo, vindo em defesa da graduação ôntica do embrião, pois não se pode descartar que o aborto feito no início não deve ter a mesma gravidade que tem se cometido quando o feto já está desenvolvido."
Paulo V. Bueno Magano (São Paulo, SP)

Corte na saúde
"Vemos com bastante apreensão a proposta orçamentária que o Conselho Administrativo da Unesp enviou ao Conselho Universitário para ser votada amanhã. Nela está incluída redução de 50% na verba destinada aos plantões do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu. Caso isso venha a ocorrer, prevemos graves desdobramentos em relação ao funcionamento desse hospital, repercutindo diretamente no atendimento à população de uma grande área do Estado, na qual esse hospital é centro de referência para pacientes portadores de patologias de maior complexidade. Por outro lado, isso também afetará profundamente a qualidade do ensino médico dessa instituição."
Joel Carlos Lastória, presidente da Associação dos Médicos Plantonistas (Botucatu, SP)

"Free shop"
"Foi denunciado e comprovado, até com filmagens, que navios de nossa Marinha iam ao exterior e voltavam
abarrotados de mercadorias contrabandeadas.
O esquema era tão organizado que se usava até contêineres e helicópteros militares para levar a carga de um navio ao outro, ou ao cais.
A Marinha disse que iria investigar, mas nunca mais se falou no caso. Como cidadão, gostaria de saber se o dinheiro que damos para pagar impostos está servindo para transformar os nossos navios de guerra em shoppings flutuantes."
Daniel Rogerio Machado de Avila (Porto Alegre, RS)

Senadinho
"O presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, tão cioso de seus deveres, em face da séria dificuldade que atravessa o país, deveria extinguir a representação que o Senado mantém no Rio de Janeiro, chamado de 'Senadinho'. O dinheiro público deve ser preservado para finalidades mais úteis."
Jorge Baiardo Torres Gonçalves (Rio de Janeiro, RJ)

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