São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Exame final pode passar aluno faltoso

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A secretária de Estado da Educação de São Paulo, Rose Neubauer, considera que os exames que serão feitos ao final da recuperação de férias, em janeiro, poderão reclassificar alunos que tenham tido menos do que 75% de presença às aulas, além de aprovar estudantes retidos nas provas de final de ano.
"Se o aluno faz o exame e vai bem, por que é que eu vou repeti-lo? Só porque faltou a algumas aulas?", afirma Neubauer.
Segundo ela, a decisão é apoiada pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. A LDB, aprovada há um ano, de fato cria a possibilidade de reclassificar alunos -o que, no extremo, quer dizer que alguém que nunca foi a uma escola, mas sabe o conteúdo de determinada série, pode entrar diretamente para essa série.
Há duas semanas, Neubauer publicou uma resolução determinando que todos os alunos reprovados este ano devem ser convocados para a recuperação.
Em sua primeira edição, no ano passado, a recuperação de férias foi só para alunos de ensino fundamental (de 1ª a 8ª série do 1º grau) e não incluía pessoas com mais de 25% de faltas. Este ano inclui todos os alunos da rede de 1º e 2º graus.
Os alunos terão 20 dias de aulas em janeiro. No ano passado, exatamente metade dos 237 mil alunos que participaram do processo foi aprovada. O índice de aprovação na rede estadual saltou de 77% em 1994 para 84% em 1996.
Os dois principais sindicatos do magistério estadual, Apeoesp (professores) e Udemo (diretores), são contra esse esquema de recuperação.
"Isso é uma esculhambação. Se o aluno nem tiver ido à escola, como é que ele vai recuperar em 20 dias?", pergunta o presidente da Apeoesp, Roberto Felício.
"Nossa proposta é que se faça recuperação ao longo do ano. Tentar resolver nas férias melhora as estatísticas educacionais, mas não o problema", afirma.
"A gente é francamente contra a medida", diz o presidente da Udemo, Roberto Torres Leme. "A secretária (Neubauer) está batendo no mote de que isso é um zelo pela auto-estima do aluno. Só que vai ser uma desmotivação para os alunos que frequentam a escola."
Segundo Felício, o fato positivo da resolução é que a decisão final da aprovação ou não dos estudantes que fizerem recuperação nas férias caberá ao conselho da escola -composto de pais e mestres.

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