São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Qualificação dos títulos da dívida coreana é rebaixada

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As agências de classificação de risco Moody's e Standard & Poor's anunciaram ontem que rebaixaram a qualificação dada à dívida da Coréia, devido à persistência da crise financeira do país.
Apesar de ter conseguido um crédito internacional recorde de US$ 57 bilhões para enfrentar a crise financeira e monetária, a Coréia não parece estar conseguindo se recuperar.
O fechamento de mais bancos sul-coreanos provocou uma nova queda nos mercados asiáticos. O pessimismo atingiu Bolsas asiáticas e européias e chegou até Nova York (EUA).
A Standard & Poor's reduziu de "A-" a "BBB-" a qualificação que concede à dívida de longo prazo da Coréia.
A mesma agência rebaixou de "A-2" a "A-3" a dívida desse país em curto prazo e de "A" a "A-" a classificação da moeda local.
Desgaste
A redução da qualificação "reflete um desgaste da posição financeira do governo da Coréia nos últimos dias", afirma a agência em comunicado oficial.
O informe ressalta que as reservas de liquidez do Banco Central da Coréia caíram a cerca de US$ 10 bilhões, o que seria menos do que o necessário para cobrir as importações do país em um mês.
A agência também indica que as estimativas do FMI (Fundo Monetário Internacional) refletem que a dívida de curto prazo do país chega a US$ 100 bilhões, soma muito mais alta que a estimada anteriormente.
A agência Moody's descreveu a situação coreana em termos similares. A agência baixou a qualificação da Coréia ao que chama de "bônus lixo", por seu elevado risco.
A Standard & Poor's rebaixou a qualificação de três instituições bancárias da Coréia: Export-Import Bank of Korea, Korea Development Bank e Korea Industrial Leasing.
O Korea Development Bank (Banco de Desenvolvimento da Coréia) tenta conseguir mais de US$ 1 bilhão para cobrir o déficit acumulado neste mês.
Funcionários do banco, o maior controlado pelo governo, e o ministro das Finanças do país disseram que precisam levantar dinheiro para ajudar a cobrir um déficit de US$ 1,7 bilhão até o fim do ano.
Ontem o banco adiou uma venda de títulos de US$ 2 bilhões, afirmando que não conseguiria pagar as taxas de juros que os investidores exigiram depois que houve uma série de reduções de qualificação de risco.
A J.P. Morgan Securities Inc., o banco de investimentos que está tentando conseguir financiamento para o KDB, tem US$ 600 milhões em papéis e outros US$ 660 milhões em empréstimos relativos a este mês.
O atraso anunciado ontem em Seul é o sinal mais claro até agora de que os investidores ainda desconfiam de que o país possa se recuperar, mesmo após o anúncio de socorro financeiro de ao menos US$ 57 bilhões que deverá ser concedido ao país por instituições internacionais e por outros países.
"Nós não poderíamos arcar com uma taxa tão alta," disse Yang Moonsuk, um porta-voz do KDB em Seul, que confirmou o atraso na venda de títulos.

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