São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Fusão está na estrutura

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Não vêm de hoje as experimentações de fusão levadas por Moraes Moreira -começaram ainda na fase Novos Baianos, quando samba e rock se apaziguavam num leito de guitarras e pandeiros.
Mesmo a fusão Bahia/Pernambuco é atávica em Moraes -"Pombo-Correio" (76) é só uma das provas. Mas "50 Carnavais" leva esta crença às últimas consequências.
Agora, a interseção Bahia/Pernambuco se dá na estrutura própria das canções -"Eu Sou o Carnaval" e "A Grande Ciranda" são exemplos.
A primeira recombina um fundo de embolada pernambucana com um samba bem Novos Baianos. É o destaque.
A segunda vem do samba tristonho "Leda", repousado sobre percussão baiana, parte para "Olindas e Pelourinhos" e desemboca em citações de "A Cidade", de Chico Science.
Por vezes a tese se espraia por entre faixas vizinhas. "O Bom Sebastião", frevo típico marcado no acordeom de Sivuca, é seguido pelo canto de lavadeiras "Mancha de Dendê Não Sai", tematicamente baiano.
Mas o que Davi vem fazer mesmo é evidenciar o impacto que parece ter causado em Moraes a recente reunião dos Novos Baianos.
"50 Carnavais" recolhe várias das melhores qualidades daquela banda num disco revitalizado, evidentemente estimulado pela reunião dos NB.
O resultado é um disco coeso, que equaciona influências e se esmera em arranjos e produção precisos. Só não deixam de destoar hinos politicamente corretos de cidadania como "Transe o Trânsito" e a regravação da mais que massificada "Por Que Parou, Parou por Quê?". Precisava?
(PAS)

Disco: 50 Carnavais
Artista: Moraes Moreira
Lançamento: Virgin
Quanto: R$ 18, em média

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