São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Rachel Magalhães examina a leveza

Obras estão expostas na galeria São Paulo

FERNANDO OLIVA
DA REDAÇÃO

Fazer com que seus desenhos ficassem suspensos entre a luz e o ar foi o desafio inicial a que se propôs Rachel Magalhães. No que, de certa forma, a artista plástica foi bem-sucedida e, a partir de hoje, 28 dessas criações pairam na galeria São Paulo.
Para atingir seu objetivo e "desaparecer" com o suporte das obras, Rachel escolheu um tecido tão frágil quanto o papel de seda.
Rachel afirma que não queria o desenho "sobre" o suporte, mas sim "como uma coisa no espaço real". Para tanto, precisava "colocar o material dentro da trama do tecido".
Já a organza, translúcida, e as molduras de acrílico, transparentes, permitem que a luz atravesse por trás da obra e servem perfeitamente. "Eu pretendo realçar a suspensão, quero que os desenhos sejam aéreos."
Na verdade, ela não desenha, não pinta nem tinge sobre o tecido. Muito mais rústico, a obra acontece por esfregamento e impregnação, espécie de impressão direta na tela de organza. "Sendo tão primitivo, o processo permitiu que eu fizesse esses desenhos com mais desprendimento", afirma.
Assim como os elementos usados para desenhar, o objeto das obras também estava próximo -de fato, no próprio quintal da artista. Ela, que mora numa chácara, produziu ao ar livre desenhos de observação direta de pedras, troncos e flores. "Não fui buscar nada longe, estava tudo a mão", diz.
Rachel, na tentativa de transformá-las em elementos etéreos, acabou conferindo às telas uma sensação de fragilidade. Após ver seus desenhos, tem-se a certeza que qualquer outro suporte, que não a suave trama da organza, poderia facilmente interromper o fluxo e agredir suas quebradiças construções.

Exposição: Rachel Magalhães (desenhos)
Quando: hoje, a partir das 21h; seg a dom, 10h às 19h
Onde: galeria São Paulo (r. Estados Unidos, 1.456, tel. 011/852-8855)

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