São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Reunião tem produtores e investidores

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

Pela primeira vez, os produtores brasileiros de cinema ficarão frente a frente com potenciais investidores em uma mesma ocasião. Trata-se do 1º Encontro do Cinema Nacional com o Mercado Financeiro, que se realiza hoje na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.
Estão confirmadas para o encontro 120 empresas e mais de 40 produtoras -todas à procura de investidores para cerca de 60 filmes-, segundo a organização do evento. A expectativa é grande porque faltam poucos dias para as empresas definirem se vão investir parte dos resultados deste ano em filmes.
Os investimentos da Lei do Audiovisual ainda poderão disputar com outros projetos culturais o limite de 5% para a dedução do IR (Imposto de Renda) das empresas com incentivos fiscais para cultura, lembra Leonardo de Barros, sócio da Conspiração Filmes.
Uma das medidas do pacote fiscal do governo prevê, para 98, a redução do limite de dedução das empresas com incentivos culturais para 4%. Só a Lei do Audiovisual permite deduzir até 3% do IR.
Apesar de o governo ter separado os incentivos sociais dos culturais, os produtores ainda terão outro problema, de acordo com José Rodrigues Pinto, diretor do Banco Destak. Com a crise das Bolsas, muitas empresas perderam dinheiro e, com a recente alta de juros, as que não perderam enxugaram o orçamento para 98.
"Depois dessa débâcle mundial, o volume de recursos disponível caiu. Como é grande o número de projetos, eles poderão levar tempo para fazer toda a captação", disse Pinto, que tem 49 projetos em fase de captação, entre eles "Como ser Solteiro no Rio de Janeiro", primeiro longa-metragem de Rosane Svartman, com estréia marcada para janeiro.
E não é pequena a disputa. Desde 1994, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a delegacia do mercado financeiro, já autorizou 377 captações pela Lei do Audiovisual que somam mais de R$ 315 milhões, informou Geraldo Vieira, gerente da área de empresas incentivadas.
Até agora, segundo o Ministério da Cultura, só R$ 88 milhões foram captados. "Grande parte não saiu da estaca zero", diz. Um filme pode ter mais de uma emissão.
Um fato, no entanto, ameniza esse cenário difícil para os produtores. Segundo Pinto, as empresas geralmente deixam para fazer as maiores aplicações na segunda quinzena de dezembro. "É o momento de investir."
O encontro será apresentado pelas atrizes Fernanda Torres e Cláudia Abreu e contará com a presença de vários produtores, entre eles, Luiz Carlos Barreto. Estão programadas palestras e apresentações dos projetos. O ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo, Francisco Dornelles, é aguardado no encontro, idealizado pela revista "Executivos Financeiros".
Segundo Guilherme Berriel, organizador do evento, a próxima edição do encontro, prevista para 98, será em São Paulo.
Para Mauro Sérgio Oliveira, sócio da Oliveira Trust, responsável pela captação de recursos para a produtora L.C.Barreto, o evento de hoje será um bom termômetro.

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