São Paulo, sexta-feira, 12 de dezembro de 1997
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Com ironia, general Pinochet diz que votou em comunista

Para PC, ex-presidente 'deveria estar na cadeia'

OTÁVIO DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

O general Augusto Pinochet fez um comentário irônico ao comparecer ontem às urnas durante as eleições parlamentares chilenas. Em tom de gozação, ele revelou seu voto para o Senado: Gladys Marín, presidente do Partido Comunista do Chile.
A ironia de Pinochet, feita diante de dezenas de jornalistas, foi mal recebida pelos comunistas chilenos: "Ele não tem direito de fazer piadas. É um assassino e deveria estar na cadeia", afirmou à Folha Carlos Toro, responsável pela área de comunicação do PC chileno.
Pinochet foi o líder do golpe militar que depôs, em 1973, o então presidente, Salvador Allende, eleito por uma coalizão de partidos de esquerda, entre eles o PC.
Após o golpe, o PC entrou para a clandestinidade e só pôde ser legalizado novamente em 1990, quando Pinochet passou o poder para o presidente eleito Patrício Aylwin, do Partido Democrata Cristão.
O combate ao comunismo foi uma das principais justificativas para o golpe militar e a repressão política que se seguiu.
A própria candidata a senadora pelo PC Gladys Marín esteve exilada entre 1974 e 78. Seu marido, o líder comunista Jorge Muñoz, está na lista de desaparecidos políticos.
Os resultados das eleições, encerradas às 16h locais (17h em Brasília), influenciarão a escolha dos candidatos a presidente da República em 1999.
As principais forças políticas são a União de Partidos pela Democracia (centro-esquerda, apóia o presidente Eduardo Frei) e a Democracia e Progresso (centro-direita e oposicionista). A apuração começou logo após o fim da votação.

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