São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Lula repudia discurso de líder do MST

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As declarações do líder do MST João Pedro Stedile, que defendeu invasões a bancos, não têm o apoio do PT. O pré-candidato do partido à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, e quatro políticos do partido ouvidos ontem pela Folha não manifestaram apoio à idéia.
Anteontem, em ato de lançamento da candidatura de Lula, em Brasília, Stedile defendeu "a estatização" e "a ocupação dos bancos", após a tomada de latifúndios.
"Ocupação e estatização de bancos não estão no programa do PT e não se pode propor o que nunca foi discutido pelo partido", disse Lula. O candidato atribuiu "ao companheiro Stedile" toda a responsabilidade pelas declarações.
"Stedile pode falar isso porque não é candidato. É maior de idade, e seu discurso tem a lógica do movimento social, e não a de um partido político", disse Lula. O petista afirmou que não pode ser responsável pelas declarações das pessoas que discursam em palanque. "Nesse negócio de palanque, às vezes, é para arrancar aplausos."
Lula defendeu que os desempregados se organizem, como fizeram os sem-terra, para transformar "o problema social do desemprego em um problema político".
O líder petista afirmou que deseja a mobilização dos desempregados com atos públicos. O emprego, segundo ele, será um dos principais temas da campanha.
Mas negou que esteja defendendo a invasão de prédios públicos, como promovem os sem-terra. "O que eu vou ocupar é o Palácio do Planalto, após a vitória da nossa candidatura", brincou ele.
O presidente do PT, José Dirceu, disse que depois de março de 98 o partido vai "afinar o discurso da campanha", em resposta a uma pergunta sobre a fala de Stedile.
O deputado Luís Eduardo Greenhalgh (SP) comentou a declaração de Stedile: "Em campanha, primeiro há uma virada à esquerda, e depois se volta ao centro".
O líder do PT na Câmara, José Machado (SP), reconheceu como "duro" o tom dos discursos de Stedile e do presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, que chamou o presidente Fernando Henrique Cardoso de "presidente chupa-cabra".

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