São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Presos fogem da cadeia em caminhão-baú

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um caminhão-baú particular passou por quatro portarias da Penitenciária do Estado, no Carandiru (zona norte de São Paulo), apanhou um traficante de drogas e três assaltantes e saiu sem que a fuga fosse descoberta pela guarda.
A fuga aconteceu no último dia 9, mas vinha sendo mantida em sigilo pela polícia e pela penitenciária, que é de segurança máxima e abriga cerca de 2.000 detentos.
Entre os fugitivos está Deusdeti José de Souza, 33, o "Bahia", apontado pela polícia como um dos maiores traficantes de drogas do Estado. Ele teria pontos de venda de entorpecentes no Capão Redondo (zona sul) e em Taboão da Serra (Grande São Paulo).
Souza, que é acusado de matar dois PMs, havia sido preso em 1996 pelo serviço reservado da Polícia Militar. Antes disso, havia escapado do 47º DP depois de ter sido detido pelo Departamento de Investigações Sobre Narcóticos.
Além de Souza, também fugiu Adaíltom Gomes Campos, 30. Condenado por assaltos a bancos, ele é acusado de assassinato e de roubo de carga, mas sua especialidade seria o roubo a carro-forte.
Os outros dois foragidos são Ademilson Moreira Almeida, 24, e Luiz Felipe Gimenes Fernandes Dias, 22. "Há informações de que a fuga foi comprada por R$ 500 mil", disse o deputado estadual Roberval Conte Lopes (PPB).
Colchões
Um relatório do diretor da penitenciária, Aniceto Fernandes Lopes, afirma que houve "falha gritante e omissão" dos funcionários.
Segundo o documento entregue à polícia anteontem, por volta das 14h50 do dia 9 chegou à primeira portaria da prisão um caminhão Mercedes-Benz placa IW-8449.
O motorista do veículo disse aos funcionários da portaria que estava entregando os colchões que haviam sido emprestados pela Penitenciária do Estado para a Penitenciária de Franco da Rocha (Grande São Paulo). O empréstimo de 30 colchões realmente ocorrera. O funcionário da portaria anotou apenas o primeiro nome apresentado pelo falso motorista do sistema penitenciário: "Francisco". Em seguida, o caminhão passou por mais três portarias.
O veículo estacionou ao lado do almoxarifado da penitenciária, onde foram descarregados, segundo o relatório, "as lâminas de espuma". Após a entrega, o caminhão foi revistado e liberado para deixar a penitenciária às 15h20.
Às 17h30, a direção do presídio deu pela falta dos quatro detentos depois de fazer uma contagem dos prisioneiros. Os agentes penitenciários teriam procurado os fugitivos até as 0h45 do dia 10 na cadeia. A polícia só foi avisada às 3h45.
Só então, a desconfiança recaiu sobre o caminhão. A direção da Penitenciária do Estado telefonou para a Penitenciária de Franco da Rocha, que negou ter devolvido os colchões emprestados.
"Isso quer dizer que um caminhão fez uma falsa entrega na Penitenciária do Estado e saiu sem ser molestado pelos agentes", disse o deputado estadual.
Sindicância
A Secretaria da Administração Penitenciária informou que abriu uma sindicância para apurar a fuga. Até ontem a noite, nenhum dos foragidos havia sido recapturado.

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