São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
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Ex-comunistas podem atropelar Turquia

CLÓVIS ROSSI
DO ENVIADO ESPECIAL

A polêmica em torno do EuroX acabou por obscurecer o ponto central da agenda da cúpula, que é a ampliação da UE dos 15 membros atuais para 26 ou 27 no início do próximo século.
A cúpula deve decidir a abertura de conversações, no início do ano, com seis candidatos (Chipre, Eslovênia, Estônia, Hungria, Polônia e República Tcheca).
Outros cinco países ficarão na fila de espera (Bulgária, Eslováquia, Letônia, Lituânia e Romênia).
Para estes sobrou um prêmio de consolação, antecipado pela ministra sueca de Relações Exteriores, Lena Hjelm-Wallen: "Começaremos as negociações com todos ao mesmo tempo, mas alguns países terão um caminho mais rápido".
A fórmula de compromisso atende ao temor de alguns países europeus, especialmente os nórdicos, de que se recriasse uma espécie de "Cortina de Ferro", agora separando os países mais avançados nas reformas para o capitalismo daqueles ainda atrasados.
O governo britânico, que assume dia 1º a presidência rotativa da UE, propôs para fevereiro uma conferência entre a UE e todos os 12 candidatos, que depois se transformaria em uma rotina. Além dos ex-comunistas e de Chipre, a Turquia também quer se integrar à UE
Seria outra forma de impedir distinções entre países avançados e atrasados.
A conferência permitiria que todos os candidatos a aderir à UE passassem por exames periódicos, para ver até que ponto cumprem os requisitos exigidos para fazer parte do bloco europeu.
Turquia
O problema é que a Grécia veta a presença da Turquia até nessa conferência sem poderes decisórios.
Turquia e Grécia mantêm disputa territorial por ilhas do mar Egeu e ainda têm conflitos entre seus nacionais na ilha de Chipre, parcialmente ocupada pelos turcos desde 74.
Com isso, a Turquia, a mais antiga candidata ao ingresso na UE, tem sido sistematicamente marginalizada e, agora, corre o risco de ter sua adesão atropelada pelos antigos países comunistas.
Era o que a Turquia esperava desta cúpula. Mas Juncker acrescentou algo que incomoda profundamente o governo turco: "Temos alguns problemas com a situação dos direitos humanos", disse o premiê luxemburguês.
Antes mesmo dessa observação, o governo turco já estava tão irritado com a marginalização que julga sofrer que seus líderes recusaram convite para ir hoje ao jantar de encerramento da cúpula.
"Temos comida suficiente na Turquia", ironizou Haluk Ilicak, um dos porta-vozes do governo turco.
(CR)

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