São Paulo, sábado, 13 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

A política de Malan

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Pedro Malan aprendeu a gostar mais de política do que de economia. Prova disso é a recente humilhação a que submeteu Everardo Maciel, da Receita Federal, perante a área política do governo.
Everardo aumentou o imposto de todos os fundos de investimentos para 20% no pacote fiscal. Isso estava combinado com toda a equipe de Malan no Ministério da Fazenda.
Alguns parlamentares ignorantes entenderam que isso provocaria perda para as Bolsas de Valores -já que os fundos de ações também estavam tendo sua alíquota elevada.
Malan, mesmo sabendo que a argumentação dos políticos era esdrúxula, sucumbiu e aceitou reduzir a taxação de fundos de ações -no caso, mantê-la inalterada nos 10% atuais.
Coisas de Malan e de Pedro Parente, seu ladino e ambicioso secretário-executivo. Isso deve doer no ministro. Ele que diz se orgulhar da condição de servidor público acima de tudo.
Pois bem, esses fundos de ação são uma fonte de não-pagamento de impostos. A elisão é engenhosa. Ocorre de várias formas, todas dentro da lei. Eis uma das operações:
1) uma grande empresa estimula seus executivos a formar um fundo de ações; 2) essa empresa deposita ali algum dinheiro e faz o saque antes do prazo mínimo para ter lucro. Perde dinheiro de propósito; 3) o lucro perdido pela empresa fica para o fundo; 4) como os donos do fundo são os executivos da empresa, o lucro vai para eles. E o imposto pago é só de 10%.
Se o dinheiro fosse pago diretamente da empresa para os executivos, o imposto seria de 25%. Agora, com a graça do ministro Pedro Malan, a maracutaia continuará rolando solta.
Só que Malan não se preocupa com isso. Tem mais afazeres hoje na área política, que lhe dá mais prazer.
*
O Banco do Brasil envia dados sobre o patrocínio que faz do vôlei. Não diz quanto gasta. A razão do sigilo é "estratégia de mercado".
O banco afirma que a operação é lucrativa: o BB aparece de graça em TVs e jornais. Os dados são esses. Cada um julgue como quiser.

Texto Anterior: A cavalaria perdeu o passo
Próximo Texto: O AI-5 visto pelo meu umbigo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.