São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997 |
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A novidade é Marta
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
O nome da sinhá é Marta Suplicy. Vida limpa, passado político de lutas sociais, boa educação, boa família, tenacidade, agenda diferenciada e -fundamental- mulher. Dizem que a deputada nutre intimamente a fantasia de ser a primeira mulher a chegar à Presidência no Brasil. A julgar pelo seu comportamento político recente, os primeiros passos estão sendo ensaiados. Ela parece ter decidido sair do gueto. Faz barulho no Congresso, seduz a mídia, mostra a cara e a coragem. Sua marca registrada não são propostas sobre câmbio, juros, salvamento de bancos ou financiamento de exportações. Ela corre em faixa própria. Sua agenda é original, tem uma necessária dose de ousadia, mas também de recato. São temas concretos, que interessam muita gente. Seus alvos são a mulher e a família: da regulamentação do aborto à educação infantil, passando pela função social da TV. Claro que são temas ainda polêmicos, que enfrentam resistências. Mas as coisas mudam, a história muitas vezes é surpreendente e a conjuntura cultural e moral de uma sociedade pode evoluir rapidamente. Enquanto os homens discutem competitividade e globalização, o país real de Marta Suplicy preocupa-se com o que os filhos assistem na TV, com a violência urbana, o estupro, a saúde, a infância abandonada e as barreiras que ainda cercam a mulher. Já há um movimento para lançá-la ao governo de São Paulo. É um passo arriscado. Talvez seja cedo, talvez valha mais renovar o mandato a ficar solta como eventual candidata derrotada. Seja qual for a decisão, ela será tomada com vistas a um projeto que, absurdo há pouco, começa a fazer sentido numa perspectiva de maior prazo. Texto Anterior: Temer critica abuso de MPs Próximo Texto: Governo pune quem não se recadastrou Índice |
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