São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997
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O pensador da crise

ELEONORA DE LUCENA
SECRETÁRIA DE REDAÇÃO

O dia 27 de outubro de 1997 já passou para a história. As bolsas de todo o mundo despencaram. Nova York parou, e o mercado em São Paulo sofreu o maior tombo da década. A partir daí, países asiáticos entraram em parafuso, desvalorizaram moedas, fecharam bancos. Por aqui, os juros dobraram, um pacotão foi feito às pressas, e há recessão à vista.
O governo se declarou perplexo com o crash global. Mas, um mês antes, o sociólogo alemão Robert Kurz descrevera em detalhes, no Mais!, como e por que um desastre daqueles iria acontecer. Antes disso, ele já apontara a falência do milagre japonês e previra o esgotamento da economia dos tigres asiáticos.
Nesta entrevista, por fax, Kurz desenha o que considera o futuro sombrio do mundo a partir do estouro de outubro. Para ele, a origem da crise está na dissociação entre mercados financeiros e produção efetiva. O que ocorreu foi mais uma etapa no caminho rumo à autodestruição do capitalismo.
Ex-motorista de táxi, Kurz, 53, enxerga desdobramentos políticos da catástrofe econômica. Acha que seitas apocalípticas podem crescer no Japão e que a China corre o risco de mergulhar numa guerra civil. Muitas de suas cáusticas idéias estão no livro "Os últimos Combates", recém-lançado pela Vozes.
Na sua visão, os países da periferia vão sofrer mais com o crash. E o Brasil pode ser o próximo alvo no jogo do "capitalismo-cassino global".

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