São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 1997![]() |
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A FEIRA DA BARGANHA "O presidente ficou sensibilizado com o empenho do partido em aprovar as reformas. Esse empenho vai trazer frutos positivos para a cidade." O partido é o PPB de Paulo Maluf. A cidade, São Paulo. O autor da frase, dita há três semanas: o prefeito paulistano, Celso Pitta. Agora, depois de pepebistas terem sensibilizado FHC com votos pelas reformas, parece que o prefeito Pitta vai obter um empréstimo de R$ 300 milhões do Banco do Brasil, intermediado por Maluf. A retribuição do governo federal aos serviços prestados pelo PPB ocorre depois de sucessivas negativas de recursos da parte da Caixa Econômica Federal, do ministro Pedro Malan e do BNDES. Os recursos obtidos para São Paulo já têm um fim. Pitta, em entrevista à Folha, disse que buscava empréstimos para concluir obras que ele e Maluf deixaram incompletas, pois comprometeram o Orçamento da cidade com fins eleitorais. O dinheiro pode evitar uma crise mais grave na prefeitura, o que seria positivo para a imagem da candidatura do ex-prefeito Paulo Maluf a governador. Ainda esta semana, viu-se o resultado de outra barganha política. Os deputados pefelistas paranaenses, capitaneados pelo governador Jaime Lerner, haviam comovido com votos o governo federal. Assim, o ministro Pedro Malan ajudou a desencalhar no Senado a aprovação de um empréstimo internacional para o Paraná, financiamento que a princípio não era recomendado nem pelo Tesouro, nem pelo Banco Central. Como se vê, a ciranda da barganha política continua a atropelar critérios técnicos. ACM mostra poder e afaga apadrinhados, sejam noviços do PFL, como o ex-pedetista Lerner, seja Paulo Maluf, seu ex-desafeto, um dia objeto de insultos pesados. FHC consegue lubrificar ainda mais seu acordo com Maluf, parte da corrente de "alianças de a a z" que realiza para impulsionar sua candidatura. É tudo muito lamentável. O Estado brasileiro já se caracteriza por gastar mal. E quando o mau uso do dinheiro público chega ao limite de provocar insolvência, a situação torna-se insuportável. Está-se muito longe, pois, das promessas feitas nas eleições passadas. E o pior é que tudo deve recomeçar agora. Texto Anterior: A MISSÃO DO BNDES Próximo Texto: Meses de agonia Índice |
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