São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997 |
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Arruda pega onda mais longa do mundo
FÁBIO ZANINI
Arruda, 10º no ranking brasileiro, surfou a pororoca do rio Araguari, no Amapá, durante 12 minutos, uma façanha inédita. A pororoca, fenômeno comum nos rios amazônicos, propicia, segundo Arruda, a "onda perfeita". "No mar, essa onda não existe. Quando ela começa a quebrar, chega a praia, e daí é só espuma. Para surfar durante 12 minutos, só mesmo a pororoca", declarou. O feito de Arruda foi alcançado também pelo surfista pernambucano Eraldo Gueiros, seu parceiro. Depois de quatro dias de tentativa, eles conseguiram pegar a onda na manhã no dia 24 de abril, a 10 km da foz do rio. "A gente sempre teve vontade de fazer alguma maluquice, para sair da rotina de campeonatos. Daí veio a idéia de surfar a maior onda do mundo", afirmou Arruda. A pororoca ocorre duas vezes por dia, durante a cheia da maré, junto à foz do rio. Nesta hora, a água do mar invade o leito do rio e forma uma "superonda", que avança pelo interior arrasta tudo que encontra. "A onda vai quebrando, formando um enorme tubo e não pára mais. Mas ela é muito instável. A água fica turbulenta, dificultando muito a permanência em cima da prancha." A violência das águas é resultado do confronto entre a maré, que avança do litoral para o interior, e do leito do rio, que corre em sentido contrário. A pororoca desloca-se a uma velocidade média de 40 km/h. Por segurança, a aventura foi acompanhada por cinco bombeiros e por guias da própria região. A escolha do rio Araguari deveu-se ao fato de a distancia entre as margens não passar de um quilômetro, o que facilitaria o resgate em caso de afogamento. A onda cobria todo o leito. A expedição partiu, de barco, da cidade ribeirinha de Ferreira Gomes, a cerca de 130 km da foz do rio. A expedição navegou 14 horas ininterruptas, a uma velocidade média de 10 km/h, em região de mata fechada. No dia seguinte à partida, chegaram próximo à foz. Nos três primeiros dias, os surfistas não conseguiram pegar a onda. "Todos os dias, nós avistávamos a pororoca chegando e íamos fugindo dela com o barco. Depois de alguns quilômetros, quando a onda estava no ponto, pulávamos na água com a prancha", disse Arruda. Mesmo com esse planejamento, subir na prancha foi difícil, apesar de a onda ter "apenas" dois metros, altura a que muitos surfistas estão acostumados. Texto Anterior: Palmeirenses crêem em título Próximo Texto: Detalhes do recorde Índice |
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