São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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A vascanagem!

JUCA KFOURI

Um jogaço no primeiro tempo, brigado palmo a palmo, com jogadas brilhantes dos dois lados, maior volume do Palmeiras, um Vasco perigoso no contragolpe, um pênalti não marcado de Cléber em Edmundo, um impedimento mal dado quando o Palmeiras acabaria na cara do gol, um 0 a 0 que ficaria melhor num 1 a 1, Zinho barbarizando, Edmundo preocupando, uma verdadeira decisão, dramática, de ficar com o coração na mão.
O segundo tempo começou diferente, com o Vasco renunciando ao jogo.
Aí, aos 8 minutos, Edmundo deve ter dito adeus à França, tomando o cartão amarelo mais idiota de sua tumultuada história. Não tem jeito mesmo! Os palmeirenses comemoraram como se fosse um gol, um gol que Edmundo, novamente agarrado por Cléber, quase fez logo depois, mas Velloso pegou.
Quando o Vasco era melhor, Alex bateu na trave e Felipão ousou: botou Oséas em seu lugar. Antônio Lopes respondeu, a pedidos, tirando Evair e pondo Nélson para defender. Um queria ganhar, o outro não queria perder.
E então aconteceu a vascanagem, a euricada, a expulsão do Animal, à espera da teixerada. O Vergonhão-97 deve acabar como merece, sob o signo da imoralidade.
*
Parece inevitável que alguém destro vá acabar ocupando uma posição no meio de campo avançado da seleção brasileira.
Juninho é o principal candidato, já que outros dois grandes jogadores como Raí e Marcelinho não fazem a cabeça de Zagallo.
Por mais talentoso e menos treinado que esteja o time nacional, o fato é que não dá para abrir mão de um lado do campo, tornando inúteis como alas jogadores do porte de Cafu ou Zé Maria.
Resta saber quantas injustiças serão cometidas até que o técnico conclua o óbvio.
Rivaldo tem tudo para ser a próxima vítima, porque sistematicamente é testado fora de sua posição, por mais que Leonardo continue a não fazer o que dele se esperava.
Outra opção, herética para o conservadorismo zagalliano, seria dar a Bebeto a função de armar pela direita, até porque deixar um gênio como Romário no banco é um crime contra o futebol.
Crime ainda maior em dia que Ronaldinho não esteja inspirado, como ontem.
Resultado? A Austrália comemora seu primeiro empate com o Brasil.

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