São Paulo, segunda-feira, 15 de dezembro de 1997
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Alentejo repete cores do mar no interior

EDNEY CELICE DIAS
NO ALTO ALENTEJO

A pequena Marvão é uma confluência harmônica do céu com a rocha. A principal peculiaridade dessa vila serrana do Alto Alentejo talvez seja a dificuldade do visitante de distinguir os limites do granito e do etéreo -é como se entre eles não existisse oposição, mas unidade.
A paisagem sugere fusão e contraste. O branco da cal que cobre as casas se confunde com nuvens não muito distantes. O verde da vegetação torna-se azul na distância montanhosa. A solidez de suas muralhas realça a leveza da brisa que por vezes passa inaudível.
Localização
Marvão fica próxima da fronteira com a Espanha, a aproximadamente 860 metros de altitude.
A ocupação da região data da Antiguidade. A vila, propriamente, é do período de ocupação moura. O castelo é de origem romana, fortificado pelo rei dom Dinis (1261-1325).
A paisagem do Alto Alentejo é de uma beleza simples, composta de tons que variam do verde ao marrom. Chega-se ao vilarejo cruzando-se campos de oliveiras sob um céu azul límpido. Aqui e ali podem ser encontrados castanheiros, um ou outro lavrador solitário, uma remanescente ponte romana.
Os habitantes da vila não somam muito mais que 300, unidos, ao que parece, pelas muralhas e pelo recato gentil.
O silêncio da cidadezinha é cortado apenas pelo sino da igreja, em intervalos regulares, e por algum latido de cachorro ou pelo canto do galo, eventualmente.
A visita
Para melhor desfrutar Marvão, talvez seja necessário não resistir ao desejo de ficar olhando o horizonte sem se preocupar com o andar do tempo ou de qualquer outra coisa. Talvez seja útil deixar-se envolver pelo céu condoreiro, levar-se pelo remanso de silêncio.
Talvez seja melhor ainda apreciar a culinária e os vinhos regionais, conversar com sua gente, interessar-se pela flora e a fauna locais e, longe de preocupações, dormir um sono sem sonhos na mansidão de montanha.

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