São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Fazenda adota agrobiologia em pomares

ROBERTO DE OLIVEIRA
DO ENVIADO ESPECIAL

A produção de noz-pecã em Cachoeira do Sul (RS) utiliza uma técnica que a cada dia ganha mais espaço junto aos consumidores mais exigentes e ao mesmo tempo reduz custos: a agrobiologia.
O consorciamento de cultura com mata nativa, favorecendo com isso o combate natural de insetos, é um dos resultados desse tipo de programa.
"Se a planta estiver equilibrada, se não estiver estressada pela falta de água ou de qualquer outro nutriente, ela terá suas próprias defesas contra pragas e doenças."
A afirmação é do biólogo Edson Roberto Neto Ortiz, coordenador da Linck Agroindustrial, em Cachoeira do Sul (RS).
Os pomares de noz-pecã da fazenda Linck Agroindustrial foram criados no meio de uma região de campo.
"A interferência do cultivo na natureza foi minimizada. O agricultor precisa ter noção de que isso é benéfico para a sua cultura e também para o seu próprio bolso", afirma Ortiz.
Natureza
É comum encontrar uma série de animais e aves silvestres no meio da plantação de noz-pecã em Cachoeira do Sul.
Casais de emas e filhotes caminham no meio das nogueiras.
Além dessas aves, também é possível avistar graxains (cachorros-do-mato), tatus, veados e até pequenos macacos.
Entre elas, perdigão e pica-pau-branco. Este último é uma ave rara, segundo Ortiz.
Há cinco açudes espalhados por diversos pontos da propriedade agrícola gaúcha.
Funcionários da empresa já encontraram jacaré-do-papo-amarelo, lontra e capivara perambulando pelos lagos da fazenda.
"Esse animais estão sobrevivendo e conseguindo se reproduzir graças à preservação da natureza", afirma o biólogo.
Outro fator indispensável para a manutenção da fauna e da flora é o uso controlado de agrotóxicos.
Atenta a esse fato, a empresa reduziu o consumo desses produtos.
No início da década de 90, eram realizadas 24 pulverizações de pesticidas por ciclo de produção de noz-pecã.
Atualmente, conforme o coordenador da Linck Agroindustrial, são feitas dez pulverizações.
A aplicação está concentrada em pesticidas de menor toxicidade.
Outra alternativa adotada com sucesso pela Linck Agroindustrial é o uso do verme composto.
Ele é um produto resultante do húmus de minhocas, que se alimentam das cascas da noz-pecã.
O verme composto serve para adubação das mudas e também de algumas plantas adultas.
Cada safra gera, em média, 200 t de casca, que são totalmente aproveitadas na produção do verme composto.
Redução de pragas
Diante desse quadro, que foi sendo criado com base nas técnicas da agrobiologia, outro resultado positivo foi conquistado: o controle de pragas nos pomares.
O pulgão-amarelo, praga que veio dos EUA, segundo o biólogo Ortiz, é hoje o principal inseto que ataca a noz-pecã.
Na opinião do coordenador da Linck Agroindustrial, a preservação da área de mata ciliar atraiu um outro inseto, uma joaninha, que faz o controle natural da praga e não traz prejuízos à noz-pecã.
"Com isso, também não precisamos gastar dinheiro com agrotóxicos", afirma Ortiz.
(RO)

Onde saber mais -Linck Agroindustrial, tel. (051) 722-2318.

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