São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Os alimentos ecológicos e o mercado

ANGELA ESCOSTEGUY

Novos ares varrem o planeta. Novos conceitos de sucesso e de qualidade de vida substituem as antigas idéias de progresso e desenvolvimento. Hoje busca-se mais o equilíbrio, a satisfação e o prazer do que simplesmente o enriquecimento financeiro.
A mudança de comportamento se reflete em todas as áreas, inclusive no hábito alimentar. Há alguns anos, o fast food parecia a solução para o ritmo moderno de vida e era o símbolo da modernidade. Atualmente, existe um movimento em defesa do slow food, fundado na Itália, com mais de 240 filiais voluntárias em 18 países e mais de 20 mil membros.
A noção de qualidade dietética se difunde. O novo consumidor busca qualidade. Não se aceita mais a idéia de manejo adequado de venenos para produzir a comida.
Por isso, os alimentos ecológicos, mais sadios, mais saborosos e mais nutritivos, aquecem um dos mercados mais promissores nos países desenvolvidos.
Mais valorizados, esses alimentos são superiores em vários aspectos: do ponto de vista organoléptico (sabor), nutricional (análises têm demonstrado que eles têm valores superiores em vitaminas, aminoácidos essenciais e minerais) e toxicológico (não carregam venenos para o prato).
Eles são produzidos pelos métodos da agropecuária ecológica.
Os animais são uma fonte insubstituível de alimentos de alto valor biológico: a carne, o leite e os ovos. Na criação ecológica de animais respeita-se em primeiro lugar o bem-estar dos animais e utilizam-se métodos alternativos de combate às enfermidades, tais como a homeopatia, a fitoterapia e a acupuntura.
Medicamentos veterinários químicos sintéticos são aceitos em condições especiais e sob rigoroso controle.
Internacionalmente, esse novo mercado possui uma rigorosa e detalhada regulamentação, que na área animal vai do manejo ao combate às pragas e enfermidades. São regulamentados também o tipo de alimentação (tem que também ter sido produzida sem o uso de fertilizantes sintéticos e agrotóxicos), os cuidados com o bem-estar animal e até o transporte e a sistemática de abate no frigorífico.
Exige-se o abate humanitário, com um mínimo de sofrimento do animal. No transporte dos alimentos, os caminhões e containeres não podem ser fumigados com venenos. Toda a cadeia é rigorosamente acompanhada para que em nenhum momento o alimento possa se contaminar com tóxicos.
Para quem deseja receber um Certificado de Alimento Ecológico e assim habilitar-se para entrar neste novo e promissor mercado existem normas a ser seguidas.
É fundamental que o sistema de criação dos animais siga uma linha ecológica. A partir daí, então, solicita-se inspeção por empresas especializadas, que mandarão um técnico para comprovar a metodologia empregada. Por último, com base no relatório técnico, é fornecido (ou não) o certificado.
Esse trabalho é todo feito por empresas credenciadas e reconhecidas internacionalmente. Aqui no nosso país atuam nessa área entidades brasileiras e também outras entidades internacionais, como a IMO da Suíça, por exemplo, que também orienta a comercialização na Europa. Na prática, o país está exportando alguns alimentos ecológicos certificados como a rapadura, o cacau e a castanha de caju.

ecotop@portoweb.com.br

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