São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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RS vai emprestar R$ 200 mi para a Ford

SANDRA HAHN
CARLOS ALBERTO DE SOUZA

SANDRA HAHN; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Governo vai destinar à montadora, que fará unidade em Guaíba, dinheiro obtido com as privatizações

O governo gaúcho anunciou ontem à tarde que irá utilizar recursos gerados com a venda de estatais para financiar parte da fábrica que a Ford fará no Estado.
O Rio Grande do Sul vai emprestar R$ 200 milhões à montadora, que sairão do FRE (Fundo de Reforma do Estado). O fundo é formado basicamente por receitas de privatizações.
O FRE já recebeu recursos gerados com a venda de ações da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) e de duas distribuidoras de energia elétrica.
O financiamento será pago em 15 anos, com cinco de carência e juros de 6% ao ano.
As condições do acordo com a Ford estão descritas em dois projetos de lei que o governo apresentará à Assembléia Legislativa. O governador Antônio Britto (PMDB) tem maioria na Assembléia para aprovar os projetos.
O financiamento à Ford repete a fórmula adotada anteriormente para a General Motors. A empresa recebeu um empréstimo de R$ 253 milhões do governo e parte dos recursos também vinha de privatizações.
Além deste financiamento do governo gaúcho, a Ford pedirá um empréstimo ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a fábrica que a montadora irá instalar em Guaíba (32 km de Porto Alegre).
Para o BNDES, a Ford deverá pedir R$ 550 milhões, informou o presidente Ivan Fonseca e Silva.
Ele estimou que a empresa deverá começar a produção de automóveis 36 meses depois do início das obras no terreno escolhido para instalar a unidade.
A visita ao local da fábrica, ontem à tarde, em Guaíba, ocorreu quatro dias depois que a Ford anunciou a adoção de um plano de demissões voluntárias. "A Ford detectou um possível excesso de pessoal e estamos tentando equalizar", disse Fonseca e Silva.
Perguntado sobre uma possível contradição entre os cortes previstos em São Paulo e os investimentos no Rio Grande do Sul, Fonseca e Silva disse que não há conflito entre os dois movimentos.
"As dificuldades em São Paulo são momentâneas, isto aqui é o longo prazo, então, não há nenhum conflito", disse.
"Estamos avaliando com o sindicato (dos Metalúrgicos do ABC) o horizonte que vamos ter no primeiro trimestre e no primeiro semestre do ano que vem. Não há nenhum plano, nenhuma decisão", disse ontem o diretor de Assuntos Corporativos da empresa, Célio Batalha, referindo-se a eventuais demissões.
Ele disse que a Ford quer trocar "idéias e experiências" com o Sindicato dos Metalúrgicos. Ele reiterou que, no momento, não há "previsão de demissão nem de número" de funcionários que poderiam vir a ser demitidos.

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