São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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Demissão voluntária pode ser saída na VW

SÉRGIO LÍRIO

SÉRGIO LÍRIO; CLAUDIA VARELLA
DA REPORTAGEM LOCAL

Metalúrgicos da CUT se reúnem hoje com empresa; Marinho diz estar aberto a proposta alternativa

CLAUDIA VARELLA
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Luiz Marinho, admitiu ontem trocar o corte de 20% nos salários e na jornada de trabalho por um programa de demissão voluntária para os funcionários da fábrica da Volkswagen em São Bernardo, na Grande São Paulo.
"Nós nunca fomos contra as demissões voluntárias. O sindicato não vai propor, mas estamos abertos para discutir a idéia", disse o sindicalista.
Um programa de demissão voluntária, direcionado para os cerca de 5.000 aposentados que trabalham na montadora, pode ser a solução para o impasse na Volks.
Apesar de mais caro para a empresa, ele amenizaria o impacto negativo de 10 mil demissões sobre a imagem da montadora, já abalada pela exposição de seus problemas estruturais.
Caso garanta uma boa quantidade de benefícios aos funcionários, o pacote também aliviaria a barra do sindicato, que corre o risco de dividir com a Volks a responsabilidade pelas 10 mil demissões se mantiver uma posição intransigente na negociação.
Em troca do pacote, a empresa poderia negociar aumento no valor cobrado dos trabalhadores em benefícios como assistência médica e transporte.
Volks e metalúrgicos fazem hoje a terceira reunião para discutir uma saída e a perspectiva é que seja o encontro mais longo entre as partes.
"O pessoal da Volks disse para nos prepararmos para uma longa discussão", conta Marinho.
Em princípio, o sindicato irá apresentar a proposta de flexibilização da jornada: os funcionários da Volks trabalhariam quatro dias por semana de janeiro a março e seis dias por semana depois. Não haveria cortes nos salários.
A Volks, aparentemente, também mantém sua posição: ou corta salários e jornada ou corta 10 mil dos 22,9 mil funcionários da fábrica de São Bernardo.
Amanhã, Marinho e o diretor de Recursos Humanos da Volks, Fernando Tadeu Perez, darão uma entrevista coletiva na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para anunciar os resultados da reunião.
Até sexta, o sindicato fará assembléias com os metalúrgicos da Volks até a próxima sexta para informar das negociações.
Sem demissões
Ontem, em Curitiba, o candidato do PT à presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse acreditar que a Volks não irá fazer demissões até fevereiro.
"Do ponto de vista da empresa não é correto", afirmou Lula, que participou de um debate sobre liberalismo.

Colaborou a Agência Folha, em Curitiba

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