São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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FMI não detém queda das moedas, diz Asean

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Líderes de países que integram a Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) afirmaram ontem que os pacotes de ajuda financeira concedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) à região não conseguiram deter a queda das moedas asiáticas.
Os dirigentes da região pediram ainda que Estados Unidos, Japão e países da União Européia estejam atentos para a dimensão global da crise nos mercados asiáticos.
Representantes da Asean questionaram ainda a eficácia da estratégia econômica imposta pelo FMI aos vários países da região.
"Alguns países consideram que o FMI deve variar a estratégia econômica que impõe a esta região", afirmou o primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, durante reunião da Asean em Kuala Lumpur (capital da Malásia).
Em comunicado oficial divulgado ao final da reunião, os líderes afirmam que as moedas asiáticas continuam a se desvalorizar apesar de os países estarem adotando medidas econômicas recomendadas pelo FMI.
Os dirigentes asiáticos, que dedicaram a maior parte da reunião à discussão da crise financeira, consideram que o problema tem uma dimensão mundial e pediram que as economias mais desenvolvidas colaborem de imediato.
"A União Européia, o Japão e os Estados Unidos, assim como as instituições financeiras internacionais, devem se esforçar em corrigir o mais cedo possível esta situação", diz o comunicado.
Perdas
Para os líderes que assinam o documento, os países devem indicar medidas que contribuam para a solução do problema.
A Asean pediu ao FMI que proponha com urgência soluções para estabilizar as moedas da região, como o baht, da Tailândia, e a rupia, da Indonésia.
O primeiro-ministro da Malásia afirmou que a ajuda econômica que a região pode receber do FMI não fará com que o país recupere as perdas provocadas pela turbulência monetária.
"Com a desvalorização da moeda, a Malásia já perdeu mais de US$ 150 bilhões, e essa quantia sobe notavelmente se somarmos a ela as perdas dos outros países da região", afirmou o premiê.
Desde julho passado, quando eclodiu a crise monetária na região, Tailândia, Indonésia e Coréia do Sul -que não integra a Asean- já recorreram ao FMI e terão ajudas financeiras que devem ultrapassar os US$ 100 bilhões, segundo analistas.
A Asean é composta por Malásia, Indonésia, Cingapura, Tailândia, Laos, Vietnã, Brunei, Myanma e Filipinas. Representantes da Coréia do Sul, do Japão e da China também compareceram à reunião do último final de semana.
O Japão anunciou que concederá US$ 150 milhões de ajuda à Indonésia. A China também estuda a possibilidade de contribuir com o pacote de ajuda ao país.

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