São Paulo, terça-feira, 16 de dezembro de 1997
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US$ 52 TRILHÕES LIBERADOS

No último sábado, a Organização Mundial do Comércio (OMC) fechou o seu terceiro acordo multilateral dos últimos 12 meses. Depois dos acordos em tecnologia da informação e telecomunicações, agora foi a vez dos mercados financeiros (bancos, seguradoras e corretoras). Mercados que, somados, movimentam ativos da ordem de US$ 52 trilhões.
O novo compromisso, assumido por 102 países, surge em hora apropriada. Afinal, a instabilidade financeira dos últimos meses, em especial nos mercados asiáticos, vinha criando um horizonte pessimista. O acordo reforça o cenário otimista.
Foi uma vitória do pragmatismo. Num contexto de fuga de capitais de mercados emergentes e de desvalorização generalizada de moedas e de ativos, não faz sentido manter restrições aos estrangeiros em bancos e em outras instituições financeiras.
Ao contrário, apenas uma nova onda de investimentos estrangeiros poderá reerguer sistemas combalidos na Ásia, no Leste Europeu e mesmo na América Latina, onde a rigor a desnacionalização começou há alguns anos. Afinal, a onda de quebras ou a fragilização de instituições na Coréia do Sul ou no Japão pode não ter limite se estes países continuarem fechando as fronteiras de seus mercados. Atrair capitais externos torna-se uma alternativa adicional para tentar inverter ou abrandar a desvalorização de ativos em curso.
As lideranças da OMC, da União Européia e dos Estados Unidos saudaram o acordo, alcançado depois de sete anos de negociações, como uma forma de superação da atual crise nos mercados emergentes.
Trata-se, evidentemente, de uma transformação estrutural que levará anos para completar-se. Entretanto, o mais importante no curto prazo é a disposição dos governos de mudarem suas instituições. E a capacidade de o sistema mundial manter vivos os organismos multilaterais.
Talvez, como nos mitos, somente do caos cambial possa afinal nascer uma nova ordem financeira mundial.

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