São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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TRT exonera 5 juízes por fraude em SP

Comissão comprova irregularidade

BERNARDINO FURTADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região), Delvio Buffulin, exonerou ontem cinco juízes classistas da Justiça do Trabalho por terem usado documentos falsos para obter o cargo. As fraudes foram reveladas pela Folha em 1º de dezembro.
Uma comissão de sindicância interna no TRT-SP concluiu pela procedência das denúncias.
Os juízes exonerados são Ascenção Amarelo Martins, Alcindo Castro de Lima, Áurea Maria da Boamorte, Rosângela Maria Nunes e José Fernando Freitas.
O presidente do TRT-SP decidiu também encaminhar as provas documentais colhidas pela Folha e confirmadas pela comissão de sindicância ao Ministério Público Federal, que decidirá se propõe ou não ações penais contra os classistas envolvidos.
A comissão considerou regulares as nomeações dos juízes classistas Maria Cristina Mazzuca e José Roberto Fernandes. A Folha mostrou que Fernandes é ao mesmo tempo patrão de Maria Cristina na empresa Sind-Som A Engenharia do Som S/C Ltda., presidente do Sindicato dos Empregados Desenhistas Técnicos, Artísticos, Industriais, Copistas, Projetistas, Técnicos e Auxiliares do Estado de São Paulo e juiz classista indicado pela mesma entidade que preside.
Foi por esse sindicato que Maria Cristina, que é filha do ex-presidente do TRT da 15ª Região (Campinas), Antonio Mazzuca, foi indicada para juíza classista, apresentando registro em carteira de trabalho assinado pela Sind-Som na função de projetista.
O endereço da Sind-Som, segundo o contrato social registrado no 3º Cartório do Registro de Pessoas Jurídicas de São Paulo, é o mesmo da residência de Fernandes, em Perus (zona nororeste de São Paulo). No local, a Folha não constatou sinal de atividade empresarial nem a presença de empregados.
Júlia de Almeida Fernandes, mulher de José Roberto, disse ser presidente da Sind-Som e chegou a dizer que não conhecia Maria Cristina. Depois se corrigiu e disse que ela era free-lancer na Sind-Som, ou seja, trabalhava sem vínculo empregatício, o que a impediria de ser juíza classista representando um sindicato de empregados.

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