São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997 |
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Católicos tentam impedir aborto de M.
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Integrantes da Comissão Diocesana em Defesa da Vida de São José dos Campos enviaram requerimentos à Procuradoria Geral de Justiça do Rio e ao Tribunal de Justiça do Estado pedindo que as duas instituições encontrem uma forma de fazer com que a decisão do juiz seja reconsiderada. No mesmo documento, a entidade se dispõe a dar atendimento a M., oferecer-lhe assistência médica, habitação, alimentação, serviço de parto e assistência pós-natal. "Além do aborto ou do parto sem assistência, há outra opção para essa garota. O aborto será a morte de uma criança que poderia sobreviver", afirmou a advogada Maria das Dores Guimarães, integrante da comissão. Ela foi a Sapucaia falar com a família e com o juiz, mas não conseguiu. A tentativa pode ser tardia. Até o final da tarde de ontem, os requerimentos não haviam chegado à presidência do Tribunal de Justiça nem à Procuradoria Geral de Justiça, informaram as assessorias de imprensa dos dois órgãos. M., que diz ter engravidado após estupro, está internada na maternidade Fernando Magalhães, no Rio. Segundo a direção do hospital, seu aborto pode ser feito hoje. O Código Penal brasileiro permite o aborto em caso de estupro. A diretora do hospital onde M. está internada, Carmen Athayde, disse que a autorização do juiz não era imprescindível para o aborto. Segundo ela, a lei municipal que regulamenta a realização de abortos em hospitais públicos municipais do Rio permite que a operação seja realizada apenas com o boletim policial com o registro do estupro, o exame pericial e a autorização da mãe ou, em caso de menores, dos responsáveis. A ginecologista e obstetra Elizabeth Kipman Cerqueira, também integrante da comissão diocesana, disse que o aborto representa um risco até maior para a garota que o parto, porque são altas as chances de hemorragia no útero. "Como cidadã, essa garota tem direito de saber que há outra opção para ela, seu filho e sua família. Não pudemos dizer isso a ela. Com o aborto, ela corre o risco de sofrer um trauma psicológico muito grande", afirma a médica. O cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, d. Eugenio Sales, 77, criticou ontem a decisão do juiz de Sapucaia. "Não é atribuição do juiz dirimir (decidir) quem deve ser assassinado, a mãe ou o feto", declarou o cardeal, por intermédio de sua assessoria. Texto Anterior: Vítima de assalto reconhece criminoso Próximo Texto: Pai pede ajuda para ver filha Índice |
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