São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

M. deve fazer microcesariana

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

A garota M., 11, será submetida a uma microcesariana para a retirada do feto, que tem hoje de 17 a 18 semanas de vida (pouco mais de quatro meses). Segundo a direção do hospital onde a garota está internada, o aborto poderá ser realizado hoje.
Carmen Athayde, diretora da maternidade Fernando Magalhães, em São Cristóvão (zona norte do Rio), disse que o risco da operação será o mesmo de uma cirurgia cesariana normal.
Ela afirmou que o método da microcesariana foi considerado o mais adequado ao caso, tanto pela idade de M. -11 anos- como pelo tempo de gestação, já que o feto está quase todo formado.
As outras opções seriam a sucção do feto, indicada quando a gestação está no início, ou o aborto induzido, provocado com medicamentos e uma sonda.
"Esse método não seria adequado, porque provoca sangramento e exige alto preparo psicológico e muito repouso. A paciente ainda é uma menina assustada."
Segundo a médica, a cirurgia deverá durar 40 minutos e será semelhante a uma cesariana -apenas a incisão no útero será menor. Não foi definido o tipo de anestesia a ser usado. M. estará sedada.
Carmen Athayde disse que a realização do aborto não impedirá que, posteriormente, M. engravide novamente e tenha filhos.
Se o aborto acontecer mesmo hoje, M. deverá ter um período de repouso de 48 a 72 horas. O hospital recomendará também que, ao voltar para Sapucaia, ela continue a receber assistência psicológica.
A garota fez ontem uma ultra-sonografia e exames de sangue. Está recebendo assistência psicológica e, segundo a diretora do hospital, está mais calma.
M. ganhou uma roupa e um ursinho de outras pacientes.
"De 1988 até hoje, fizemos 20 abortos. O que a gente lamenta é o aumento no número de adolescentes grávidas. No mês passado, fizemos o aborto de uma garota de 13 anos", disse Carmen.
A mãe da garota, M.P., 41, falou com a Folha e disse que a menina estava mais tranquila e parara de chorar, mas temia a cirurgia. "Uma vizinha contou a ela que, durante o parto, teve de tomar uma picada na espinha, e ela estava com medo", disse a mãe.
M.P. disse que permanecia firme na intenção de submeter a filha ao aborto. Afirmou que se sentia mais segura, ainda que temesse pela vida da filha.
(FE)

Texto Anterior: Pai pede ajuda para ver filha
Próximo Texto: Polícia fecha clínica de aborto no Rio
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.