São Paulo, quarta-feira, 17 de dezembro de 1997
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Nível de instrução melhora no país

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

Existe uma tendência à redução do analfabetismo no país e à melhora no nível de instrução em todas as regiões. Essa é principal conclusão do suplemento da PNAD (Pesquisa por Amostra de Domicílios), cujo tema era "Mobilidade Social", divulgado ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Márcia Segadas, técnica do IBGE, aponta dois fatores positivos na melhoria do nível de instrução da população. Um é o fato de 20,7% dos pesquisados terem aprendido a ler e escrever, diferentemente dos pais. Apenas 4,6% deixaram de ser alfabetizados.
O outro é que, dos 74,7% de entrevistados com o mesmo nível de alfabetização dos pais, 61% já eram alfabetizados. "O indivíduo é influenciado pela posição que o pai ocupa na estrutura social", diz.
A PNAD 96, divulgada mês passado, entrevistou 331.263 pessoas no país (cerca de 20% da população), de 15 anos ou mais, apontadas como chefes de família e/ou cônjuges. A pesquisa não inclui a população rural da região Norte.
O IBGE usou como referência a escolaridade dos pais dos pesquisados para detectar se houve avanço na alfabetização dos brasileiros. A última sondagem sobre mobilidade social é de 88 e, por diferenças de metodologia, não pode ser comparada aos resultados de 96.
Uma boa notícia do suplemento diz respeito à ascensão social conquistada por pessoas de famílias pouco instruídas. Dos pesquisados cujos pais não concluíram a 1ª série do 1º grau, 60% superaram o nível de instrução do pai.
Melhor que os pais
Entre os entrevistados cujos pais chegaram à 1ª ou à 3ª séries do 1º grau, 68,4% melhoraram sua educação. Por outro lado, 55,2% dos chefes de família concluíram o 3º grau (universidade) como os pais, enquanto 44,8% não chegaram lá. Também melhorou a condição educacional dos cônjuges, em sua maioria, do sexo feminino. Segundo a PNAD, 24,2% dos chefes de família são mulheres.
Fora a influência dos pais na instrução dos filhos, o desenvolvimento econômico tem um grande peso nas disparidades regionais.
Enquanto o Sul e o Sudeste apresentam o melhor padrão de alfabetização do país, com a maior proporção de pessoas alfabetizadas com pais instruídos (72,1% e 69%, respectivamente), no Nordeste, a situação é mais crítica.
Márcia Segadas destaca que o Nordeste tinha a maior porcentagem de analfabetos com pais analfabetos (30,2%) e a maior quantidade de analfabetos filhos de pessoas instruídas (7,5%) em 96. Também estava lá a menor participação dos filhos que seguiram o exemplo dos pais alfabetizados (39%).

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